A Associação dos Prefeitos do Sertão da Bahia
(APSB) foi fundada no primeiro trimestre de 2001, salvo engano. Com sede em
Paulo Afonso e número de associados de aproximados vinte e quatro gestores, a
entidade já nasceu morta.
Curioso é que não se
trata de uma associação de municípios, mas associação de prefeitos o que,
juridicamente, diz muito. Uma coisa é a solidez de um município,
independentemente de quem esteja à frente de sua administração; outra coisa é,
completamente diferente, o peso e a força de um prefeito, com seus males,
tropeços, vaidades e fraquezas diante de seus munícipes e altos e baixos da
política local.
É suposto que uma
instituição desse porte faça constar em seus estatutos acentuada ênfase nas
relações intermunicipais e, mais do que isto, a defesa absoluta e coesa das
populações envolvidas que, neste caso, beira quinhentos e sessenta mil
habitantes.
Entretanto, embora
legalmente ainda esteja ativa, a APSB não conseguiu alcançar seus objetivos, de
sorte que é mais uma iniciativa que não deu certo, embora louvável. Não teve ou
não tem força política para sustentar-se diante do desafio proposto, qual seja
o soerguimento dos municípios, todos, sem exceção, em deplorável estado de
abandono e lastimável falta de perspectivas para suas populações.
O estado de calamidade
em que se encontra a área de segurança pública da Bahia é assustador. As
autoridades se mostram impotentes diante da violência que reina absoluta nas
estradas e até mesmo no perímetro urbano das cidades. Não há policiamento
ostensivo, não há polícia preventiva. A impressão que se tem é que a Bahia
abdicou de sua Secretaria de Segurança Pública.
É uma aventura perigosa
transitar pelas estradas dos municípios abrangidos pela associação dos
prefeitos. São frequentes os assaltos, assassinatos e ameaças de toda ordem,
porque os delinquentes têm consciência de que os municípios estão abandonados e
as populações à mercê da violência e da impunidade.
A Associação dos
Prefeitos, praticamente inativa, sequer teve condições políticas para exigir do
governador do Estado atenção quanto ao policiamento da área da entidade. Não há
viaturas suficientes, não há efetivo policial bastante para proteger as
populações, não há política de segurança pública direcionada aos municípios do
sertão baiano.
Por outro lado, o
estado de precariedade das estradas é um aliado inconteste dos bandidos.
Buracos, asfalto deteriorado, sinalização precária, ausência de postos
policiais ao longo das estradas e, sobretudo, o descaso e a falta de empenho das
autoridades estaduais que cuidam da segurança pública contribuem, com vantagem,
para o aumento da criminalidade. Mais: os marginais se embrenham nas estradas
vicinais, fazendas e pequenos sítios, assaltando e aterrorizando as famílias do
campo. O sertanejo vive com medo, desamparado, desesperançado.
O direito à vida passou
a ser apenas uma perspectiva e não uma certeza. Ao contrário, a desesperança é
uma certeza diante do abandono em que se encontram os municípios do sertão da
Bahia.
A Associação dos
Prefeitos do Sertão da Bahia é mais um ponto de inoperância no cenário das
instituições natimortas da Bahia. É razoável supor que o antagonismo e a
vaidade dos prefeitos da região diluíram o peso político da instituição,
enfraquecendo-a. De tão fraca passou a ser desinteressante, insípida como
instituição.
O fato é que a
Associação dos Prefeitos do Sertão da Bahia perdeu seu objeto, seu ideário, sua
grandeza. É razoável entender que uma instituição cujos membros sequer têm
interesse em formar uma diretoria atuante está fadada ao fracasso.
Enquanto os prefeitos
do sertão da Bahia se dispuserem a continuar prestando continência para
governadores politiqueiros, deputados e senadores divorciados de suas
atribuições precípuas em benefício da população, não nos resta outro destino.
Nenhuma associação de prefeitos dará certo.
Neste contexto,
continuaremos, como dantes, fazendo festas, recebendo afagos e tapinhas nas
costas e soltando fogos a cada visita de políticos demagogos, mormente em épocas
de comemorações municipais e campanhas eleitorais.
Blog Walter Araujo
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