domingo, fevereiro 28, 2016

SERTÃO DA BAHIA: A INUTILIDADE DA ASSOCIAÇÃO DE PREFEITOS


A Associação dos Prefeitos do Sertão da Bahia (APSB) foi fundada no primeiro trimestre de 2001, salvo engano. Com sede em Paulo Afonso e número de associados de aproximados vinte e quatro gestores, a entidade já nasceu morta.

Curioso é que não se trata de uma associação de municípios, mas associação de prefeitos o que, juridicamente, diz muito. Uma coisa é a solidez de um município, independentemente de quem esteja à frente de sua administração; outra coisa é, completamente diferente, o peso e a força de um prefeito, com seus males, tropeços, vaidades e fraquezas diante de seus munícipes e altos e baixos da política local.  

É suposto que uma instituição desse porte faça constar em seus estatutos acentuada ênfase nas relações intermunicipais e, mais do que isto, a defesa absoluta e coesa das populações envolvidas que, neste caso, beira quinhentos e sessenta mil habitantes.  

Entretanto, embora legalmente ainda esteja ativa, a APSB não conseguiu alcançar seus objetivos, de sorte que é mais uma iniciativa que não deu certo, embora louvável. Não teve ou não tem força política para sustentar-se diante do desafio proposto, qual seja o soerguimento dos municípios, todos, sem exceção, em deplorável estado de abandono e lastimável falta de perspectivas para suas populações.

O estado de calamidade em que se encontra a área de segurança pública da Bahia é assustador. As autoridades se mostram impotentes diante da violência que reina absoluta nas estradas e até mesmo no perímetro urbano das cidades. Não há policiamento ostensivo, não há polícia preventiva. A impressão que se tem é que a Bahia abdicou de sua Secretaria de Segurança Pública.

É uma aventura perigosa transitar pelas estradas dos municípios abrangidos pela associação dos prefeitos. São frequentes os assaltos, assassinatos e ameaças de toda ordem, porque os delinquentes têm consciência de que os municípios estão abandonados e as populações à mercê da violência e da impunidade.  

A Associação dos Prefeitos, praticamente inativa, sequer teve condições políticas para exigir do governador do Estado atenção quanto ao policiamento da área da entidade. Não há viaturas suficientes, não há efetivo policial bastante para proteger as populações, não há política de segurança pública direcionada aos municípios do sertão baiano.

Por outro lado, o estado de precariedade das estradas é um aliado inconteste dos bandidos. Buracos, asfalto deteriorado, sinalização precária, ausência de postos policiais ao longo das estradas e, sobretudo, o descaso e a falta de empenho das autoridades estaduais que cuidam da segurança pública contribuem, com vantagem, para o aumento da criminalidade. Mais: os marginais se embrenham nas estradas vicinais, fazendas e pequenos sítios, assaltando e aterrorizando as famílias do campo. O sertanejo vive com medo, desamparado, desesperançado.

O direito à vida passou a ser apenas uma perspectiva e não uma certeza. Ao contrário, a desesperança é uma certeza diante do abandono em que se encontram os municípios do sertão da Bahia.  

A Associação dos Prefeitos do Sertão da Bahia é mais um ponto de inoperância no cenário das instituições natimortas da Bahia. É razoável supor que o antagonismo e a vaidade dos prefeitos da região diluíram o peso político da instituição, enfraquecendo-a. De tão fraca passou a ser desinteressante, insípida como instituição.

O fato é que a Associação dos Prefeitos do Sertão da Bahia perdeu seu objeto, seu ideário, sua grandeza. É razoável entender que uma instituição cujos membros sequer têm interesse em formar uma diretoria atuante está fadada ao fracasso.

Enquanto os prefeitos do sertão da Bahia se dispuserem a continuar prestando continência para governadores politiqueiros, deputados e senadores divorciados de suas atribuições precípuas em benefício da população, não nos resta outro destino. Nenhuma associação de prefeitos dará certo.

Neste contexto, continuaremos, como dantes, fazendo festas, recebendo afagos e tapinhas nas costas e soltando fogos a cada visita de políticos demagogos, mormente em épocas de comemorações municipais e campanhas eleitorais.   

Blog Walter Araujo    



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