O trecho integra uma
das produções de jovens da Associação Cultural Raízes Nordestinas (ACRANE), de
Poço Redondo, Semiárido de Sergipe. Intitulada A Cabra e o consórcio do bode, a
poesia trata de como a criação de animais, com foco nos caprinos, faz parte da
identidade sertaneja.
Característica da
Caatinga, a criação de caprinos e ovinos é uma alternativa de geração de renda
e de alimentação para famílias rurais do Semiárido. Essa região, segundo dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), concentra o maior
número desses animais no país, correspondendo a 93% e 58% dos rebanhos
nacionais, respectivamente.
Seja para consumo – da
carne ao leite, passando por seus derivados, como o queijo – ou para a
comercialização – caprinos e ovinos demandam cuidados com alimentação, saúde e
higiene. No Semiárido do Nordeste brasileiro, a Caatinga é a base alimentar dos
rebanhos.
Mas, segundo a
publicação Manejo Pastoril Sustentável da Caatinga, de João Ambrósio de Araújo
Filho, em função do baixo valor nutritivo da forragem disponível no bioma em
períodos de estiagem, é necessário o emprego de técnicas de manejo da
vegetação. rês recomendações ajudam a garantir a sustentabilidade das
tecnologias de manipulação da Caatinga.
São elas: preservação
de até 400 árvores por hectare, ou o equivalente a 40% de cobertura arbórea;
utilização máxima de 60% da forragem disponível e a preservação da mata ciliar
em toda a malha de drenagem da pastagem.
Manejo
da Caatinga
Rebaixamento – O
rebaixamento é a alternativa de manejo mais adequada para diferentes tipos de
vegetação no Semiárido. Ela consiste em cortar a uma altura em torno de 70 cm
espécies arbóreas forrageiras (jurema-preta, sabiá, mororó), que possuem
folhagem fora do alcance do animal. Esta medida favorece os caprinos, uma vez
que eles preferem plantas de folha larga.
Raleamento – Diminuição
do número de árvores por hectare, reduzindo a densidade de espécies de baixo
valor forrageiro e madeireiro (ex: marmeleiro, malva-branca). Com a diminuição
do número de árvores em áreas onde há banco de sementes de espécies herbáceas,
há aumento na disponibilidade destas para uso na alimentação animal. Como os
ovinos têm maior preferência por vegetação herbácea, a prática beneficia mais
essa espécie.
Raleamento e
rebaixamento– Combinação dos dois métodos citados acima.
Enriquecimento –
Consiste em adicionar outras espécies, principalmente herbáceas, à vegetação já
existente em uma caatinga raleada.
O agricultor Valdson
Pereira da Silva, do Semiárido de Sergipe, adota boas práticas para manter a
criação de pequenos animais em sua propriedade. Foto: Programa Semear/ Manuela
Cavadas
Alimentação animal
Ensilagem – Para
colocá-la em prática, recomenda-se cortar a forragem quando as plantas
estiverem no início da floração e triturá-la numa máquina forrageira. Em
seguida, coloque a forragem já triturada, em camadas, no silo (uma espécie de
depósito), expulsando todo o ar. Dica: impedir a entrada de ar é fundamental
para que a fermentação seja bem feita.Em seguida, o silo deve ser coberto com
uma lona de plástico. Esse processo é de custo reduzido, simples e, quando
feito de maneira correta, mantém o valor nutritivo das plantas. Para a
ensilagem podem ser utilizadas plantas como o capim-elefante, a cana de açúcar
e o sorgo, entre outras.
Fenação – Prática de
secar, enfardar e guardar as plantas forrageiras. Para a produção do feno, um
dos caminhos é: corta-se a forragem quando estiver no início da floração para,
em seguida, secá-la em local ensolarado. Na secagem sugere-se revirar a
forragem duas vezes num período de um a dois dias. Importante: não deixe o feno
secar demais. Guarde os fardos em local coberto. Podem ser utilizadas plantas
como orelha-de-onça, capim-mimoso, sorgo e jitirana, entre outras.
http://www.avozdocampo.com
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