quarta-feira, novembro 17, 2010

ADAB localiza pontos de abate clandestino em Euclides da Cunha

Por Jarbas Nogueira














Acostumada a apreender carne clandestina em frigoríficos, nas operações em que realiza rotineiramente, dessa vez a ADAB Agência de Defesa Agropecuária da Bahia) foi mais além. Através de duas denúncias anônimas o gerente Regional da ADAB, Jeferson Carneiro, juntamente com o técnico em Fiscalização Agropecuária Regys Cabral e a Polícia Civil, descobriu dois pontos de abate clandestino na cidade de Euclides da Cunha: um localizado a aproximadamente 14 km da sede, no povoado de Serra da Mãe Inácia e o outro a exatos 7 km do centro da cidade, na localidade do Cedro.

Na primeira operação, que aconteceu no dia 03 do mês de novembro, por volta das 16 horas, na Serra da Mãe Inácia, a equipe encontrou sendo comercializada em uma garagem, grande quantidade de carne oriundas do abate clandestino. Os animais eram abatidos em um curral que fica próximo do local onde a carne estava sendo comercializada. Toda a carne foi apreendida e o responsável encaminhado à Delegacia de Polícia [Depol] local para prestar depoimento.




A segunda operação aconteceu uma semana depois, na tarde de quarta-feira, 10, por volta das 16 horas, quando a equipe se deslocou depois de ser informada que naquele momento estava sendo abatido um animal no local.

Uma cerca de arame móvel seguida de um corredor de aproximadamente 150 metros com algumas cabeças espalhadas pelo chão levaram a equipe ao local do abate. Na cena macabra do crime encontravam-se duas partes de um animal suspensas em uma árvore e ao lado, deitado em uma sombra, o responsável pela carne. O meliante recebeu voz de prisão e a carne e todo o material apreendido no local foi encaminhado à Depol.




Presenciado pela equipe de reportagem do Sertão Acontece, dois dias depois de ocorrido o fato, ainda era possível ver a cabeça do animal abatido na quarta-feira. No local, que mais parecia um cemitério de animais, uma fedentina insuportável e muitos insetos e urubus se alojavam ali por conta do cheiro de sangue e de carne em estado de putrefação. Na tentativa de despoluir o ambiente, o Técnico em Fiscalização Agropecuária Regys Cabral juntamente com um representante da Vigilância Sanitária, realizaram uma varredura nas cabeças encontradas no local totalizando cerca de 40 animais, que posteriormente foram incineradas como ilustra a fotografia ao lado.

Segundo informou Jeferson Carneiro os serviços de investigação continuarão. “A ADAB continuará investigando e realizando blitz para tentar coibir as ações dessa natureza. É um tanto desleal permitir que continuem com essa prática, sendo que, existem pessoas que investiram alto para regularizarem sua situação mais não conseguem competir com pessoas que cometem esse crime de comercializar carne irregular. A ADAB vem trabalhando para melhorar cada vez mais a qualidade da carne”, informou o Gerente Regional da ADAB.

Meia tonelada de carne. Essa foi a quantidade apreendida nas duas operações, um número extremamente alto para apenas dois casos. “As operações estão se intensificando porque os próprios magarefes estão fazendo as denúncias, algo que tem nos ajudado muito. Assim como a comunidade é prejudicada os magarefes que trabalham legalmente também estão sentido na pele os efeitos dessa prática criminosa, e as denúncias estão começando a aparecer com mais frequência”, salientou Regys Cabral.

Regys explicou ainda que esse tipo de abate gera uma série de prejuízos ao meio ambiente. Alguns dos mais conhecidos são: contaminação do solo e da água e, por consequência, dos alimentos; além da contaminação dos lençóis freáticos, que abastecem as cidades, por agentes patogênicos (vírus e bactérias). No caso dos animais que possuem o hábito de roer pedaços de tijolos, madeira podre e mesmo ossos, possivelmente estarão vulneráveis à contaminação por esses agentes.

É cada vez mais importante que a comunidade perceba que comprar esse tipo de carne gera um risco direto a sua saúde e a da sua família, sobretudo, é ainda mais importante que as pessoas ao perceberem atividades dessa natureza denunciem, para que os responsáveis sejam punidos por esse ato criminoso. A decisão de melhorar a qualidade da carne que consumimos e de melhorar cada vez mais a nossa saúde está em nossas mãos.

Para entender um pouco sobre o abate de animais especialmente sobre o abate clandestino

No abate clandestino os animais são arrastados para o meio do mato e amarrados ao tronco onde recebem uma marretada violenta na cabeça (nunca é menos de dez), nesse momento o coração do animal dispara, suas pupilas dilatam, e uma carga de hormônio-adrenalina invade o seu sangue, com o animal enfezado, a sua carne começa a entra em estado de decomposição acelerado, sem contar com o ambiente insalubre onde se processa as operações de matança: sangria, esfola, evisceração, esquartejamento (deixando nas meias-carcaças marcas características do machado) tudo é feito no chão sem a menor preocupação com a higiene, apenas um balde d’água com um pano velho para limpar o sangue e as fezes do animal que contaminam a carne. Somando a isso não se tem certeza das condições de saúde ou de doença do animal.

sertao acontece

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