E nessa época de seca, a
salvação de muitas famílias no Nordeste é o umbuzeiro - árvore símbolo de
resistência da caatinga.
No sertão da Bahia,
homens e mulheres caminham vários quilômetros para colher os frutos.
De manhã cedo eles já
estão nas trilhas da caatinga. É o dia
inteiro caminhando, procurando o umbuzeiro, árvore que só tem no Nordeste.
E em tempos de seca, a
árvore nativa socorre o sertanejo da roça.
“Plantamos o milho e o
feijão, mas infelizmente não deu porque não tivemos a chuva, perdemos tudo”,
comenta Joelma Araújo, agricultora.
No cenário de vegetação
quase sem vida, sem comida, o umbuzeiro exibe fartura. Nada é mais alegre para os catadores de umbu
do que encontrar o chão de um único jeito: forrado de frutas.
Muitas vezes os
catadores dão sorte de encontrar umbuzeiros bem carregados. “Foi tudo tirado
desse umbuzeiro. Tem uns três quilos. Parece que estou grávida”, brinca a
agricultora.
É um contraste que
chama a atenção. O umbuzeiro é a única
árvore verde no meio da caatinga arrasada.
O segredo está embaixo da terra. As raízes têm batatas que funcionam
como uma caixa d’água.
A água fica dentro da
batata. E como são centenas de batatas enterradas, elas vão irrigando a árvore.
As pesquisas calculam que um umbuzeiro grande chega a acumular 1.500 litros de
água. É por isso que ele atravessa todo o período de seca verde e dando frutos.
No fim do dia, um grupo
de cinco a seis catadores volta para casa com 100 quilos de umbu. No município
de Uauá, norte da Bahia, uma cooperativa criada por eles compra por R$ 1 o
quilo.
Este ano, a indústria
da cooperativa vai esmagar 300 toneladas de umbu. No local, a fruta vira poupa, licor, doces.
“Em torno de 70% da
produção a gente vende para o mercado privado e o restante a gente vende para o
mercado institucional”, diz Denise Cardoso, presidente da cooperativa.
Fonte de vitamina C e
até de inspiração para os poetas nordestinos. Nesta época o umbu é a salvação.
Mas até o umbuzeiro
está sofrendo com a seca extrema. Segundo um estudo da Embrapa, em algumas
regiões do Nordeste, como no sertão pernambucano, de cada quatro umbuzeiros,
apenas um consegue sobreviver.
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