Chorrochó foi – e é –
muito rico em questões culturais.
Ocorre que, sob o ponto
de vista institucional, o município nunca se preocupou em sedimentar seus
valores culturais, até mesmo em razão de ausência de estrutura, seja por falta
de recursos ou mesmo por inanição de vontade política.
Tenho mania de dar
pitaco em assuntos de minha região, o que me tem resultado em algumas críticas.
Em Chorrochó, por
exemplo, sugeri que o nome da Rua Coronel João Sá, na sede, fosse mudado para
Rua Dorotheu Pacheco de Menezes. Passei um vexame danado, porque ninguém do
município apoiou minha ideia, nem mesmo os integrantes da família Menezes. Acho
que consideraram a ideia estapafúrdia, idiota, imbecilizada. Todavia, é assim
mesmo, de quando em vez a gente pisa na bola.
Diante disto, fui
cantar em outro terreiro e me recolhi à minha insignificância, mas ainda
consegui uma lambuja, com o apoio do então e prestativo vereador Ciel Jericó:
que a Câmara Municipal votasse um projeto denominando que a praça nas
imediações da igreja matriz de Chorrochó recebesse o nome de Praça Prefeito
Dorotheu Pacheco de Menezes.
Tive notícia que a
Câmara aprovou, mas a prefeita Rita Campos, que estava no trono à época,
recusou-se a sancionar o projeto, engavetou-o e sabe-se lá o que fez dele.
O que me surpreendeu
não foi o engavetamento do projeto, o que se afigura ato normal na
administração pública, mas a conduta da prefeita, incompatível com sua formação
e ofício de educadora.
Geralmente educadores
se preocupam com questões culturais, mas, neste caso, o assunto certamente
contrariava os interesses políticos da prefeita e de seus diligentes assessores
integrantes de seu grupo político.
Ainda com referência ao
pretendido nome da rua, explico minha ideia, que muitos acharam insensata: o
coronel João Sá era descendente de família de Água Branca, estado de Alagoas.
Foi chefe político, deputado estadual e latifundiário na região de Jeremoabo.
Lá foi prefeito. Era dono de tudo, até dos votos.
Minha monumental
ignorância não consegue enxergar os feitos que ele desempenhou em benefício de
Chorrochó, que merecesse ser nome da principal rua da sede.
Não estou atribuindo
nenhum demérito ao coronel João Sá, mas isto não me retira o direito de
questionar o que lhe habilitou para ser nome do principal logradouro de
Chorrochó. Só isto.
Dorotheu Pacheco de
Menezes, ao contrário, era filho do lugar, lutou pelo município, inclusive
cavou a emancipação político-adminstrativa, foi vereador, prefeito e líder
durante décadas. Então, inocentemente, achei que o meu pleito era justíssimo.
Enganei-me redondamente.
Contudo, quero sugerir
desta vez que as autoridades de Chorrochó, inclusive os membros da Câmara
Municipal, lembrem-se da existência da professora Marieta Argentina de Menezes,
que está aí por volta de um centenário de vida e contribuiu, inegavelmente, para
a cultura de Chorrochó.
A professora Marieta
Argentina de Menezes é um nome ideal para ser atribuído a uma biblioteca
pública, arquivo público ou qualquer outra instituição que venha a ser criada e
ligada à cultura chorrochoense. Falo do futuro, evidentemente.
A história de Chorrochó
registra que em 03.12.1939 a professora Marieta Argentina de Menezes se formou
pela Escola Normal Nossa Senhora Auxiliadora, de Petrolina, um tradicional
estabelecimento de ensino daquela cidade pernambucana.
Quando Chorrochó ainda
engatinhava em busca de seu próprio destino, a professora Marieta desempenhava,
com altivez, o glorioso ofício de ensinar. Ensinou respeito, ensinou dignidade,
ensinou o caminho para que seguidas gerações vislumbrassem os horizontes que
sonhavam.
Pode ser pieguice
minha, mas tenho dificuldade de entender porque pessoas que construíram a
história de Chorrochó sempre foram deixadas à margem das preocupações das
instituições municipais que se dizem empenhadas em cuidar da cultura do lugar.
Parece até que
Chorrochó não tem educação, não tem cultura e, pior, não tem pessoas voltadas
para a sedimentação de sua história.
Desejo à professora
Marieta o prosseguimento firme de seu caminho. E ao município de Chorrochó que
comece a ter mais atenção no que tange à valorização de sua história.
Blog Walter Araujo
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