Em nota, a CBF disse que a escolha de Gustavo se deu pela sua experiência na condução de programas de desenvolvimento do esporte, mais especificamente o futebol
Ex-secretário nacional
de futebol, Gustavo Perrella, 34, foi nomeado diretor da CBF (Confederação
Brasileira de Futebol). Filho do senador Zezé Perrella (MDB-MG), ex-presidente
do Cruzeiro, ele ocupa agora o cargo de diretor de Desenvolvimento e Projetos da
entidade nacional.
O dirigente tomou posse
na confederação há cerca de três meses, após deixar o cargo que ocupava no
governo do presidente Michel Temer.
O ex-deputado estadual
ficou conhecido nacionalmente em 2013, quando a Polícia Federal apreendeu um
helicóptero de sua empresa com um total de 445 kg de cocaína, no Espírito
Santo.
Ele e seu pai foram
investigados na ocasião, mas não foram encontrados indícios de autoria criminal
dos dois no caso. Por isso, eles não responderam judicialmente.
A nomeação de Gustavo
foi feita sem divulgação. A CBF só colocou no seu site o nome do novo dirigente
entre os seus diretores na noite desta quarta-feira (4), horas depois de a
Folha confirmar a contratação e questionar a ausência do cartola na relação.
Em nota, a CBF disse
que a escolha de Gustavo se deu pela sua experiência na condução de programas
de desenvolvimento do esporte, mais especificamente o futebol.
A entidade afirmou que
o dirigente liderou muitos projetos durante seu período no Ministério do
Esporte e também destacou seu trabalho como conselheiro vitalício do Cruzeiro,
onde exerceu vários cargos nos departamentos de gestão e de futebol.
Na teoria, o novo diretor
seria o elo de ligação entre a entidade e os presidentes das federações
estaduais.
Desde a última
quarta-feira (4) a reportagem tenta entrar em contato com Gustavo, mas não
obteve resposta até a conclusão desta edição.
Ele não cumpre
expediente na sede da entidade. Outros diretores também não têm a necessidade
de trabalhar diariamente no prédio, localizado na barra da Tijuca, zona oeste
do Rio.
A diretoria da CBF
conta também com presidentes de federações e outros políticos.
Em 2016, o pai de
Gustavo foi um principais articuladores políticos para que a CPI do Futebol do
Senado encerrasse suas atividades sem nenhum pedido oficial de indiciamento e
sem apontar culpados. A comissão investigava contratos e negociações da CBF e
seus dirigentes.
O trabalho teve início
após José Maria Marin, ex-presidente da entidade, ser preso na Suíça. Marin,
Marco Del Nero e Ricardo Teixeira, que dirigiu a CBF por mais de duas décadas,
foram acusados de receber propina na venda de direitos de transmissão.
Último presidente
eleito da CBF, Del Nero está suspenso pela Fifa. Ele deve ser banido do esporte
neste mês por causa das acusações do FBI.
Apesar de ter sido
escolhido por Del Nero, Gustavo deverá ser mantido na nova diretoria de Rogério
Caboclo, que assumirá a confederação a partir de abril de 2019.
No próximo dia 17, os
presidentes de federações e os clubes das Séries A e B do Brasileiro vão eleger
o próximo presidente da entidade. Homem de confiança de Del Nero, Caboclo é o
candidato único. Diretor Executivo de Gestão da confederação, ele tem o apoio
de 27 federações e da maioria dos clubes.
Formado em
administração de empresa, Gustavo foi eleito em 2010 deputado estadual em Minas
Gerais, com 82.864 votos. Quatro anos depois, ele se candidatou a deputado
federal pelo mesmo estado, mas não se elegeu.
RÉU
Gustavo é réu em dois
processos na Justiça -um por uso de dinheiro público para fins pessoais e outro
pela criação de um cargo fantasma. As ações correm ainda na primeira instância
do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
Segundo a primeira
acusação, o diretor da CBF seria responsável por desvios de cerca de R$ 15 mil
dos cofres públicos para abastecer o helicóptero da empresa da sua família com
verba indenizatória da Assembleia durante o seu mandato de deputado.
Ele também é acusado de
criar um cargo fantasma para o piloto preso na operação da Polícia Federal em
2013.
Em depoimento a
promotores, Rogério Antunes disse que nunca prestou serviço para a Assembleia
de Minas Gerais e que sua função era pilotar o helicóptero em viagens até a
praia, chácaras de amigos, fazenda da família e compromissos políticos.
Antunes foi nomeado em
março de 2013 e só foi exonerado em 25 de novembro de 2013, um dia depois da
apreensão da aeronave pela PF. (Folhapress,Beira Rio Noticias)
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