
Ser mãe faz parte
do sonho da maioria das mulheres e, quando chega o tão esperado momento de
planejar a vinda do filho, o primeiro passo é visitar o ginecologista para
desvendar os "segredos" da maternidade. Mas, o problema é que elas
esquecem que a saúde bucal também merece atenção especial e que a falta de
cuidados com os dentes pode acarretar parto prematuro, quadros de pré-eclâmpsia
(pressão alta) e até prejuízos ao bebê.
Provavelmente, você
ficou surpreso com a relação de saúde bucal e gravidez, o que não é de se
espantar. No Dia Mundial da Saúde Bucal, comemorado nesta quinta-feira (20), os
especialistas ouvidos pelo R7 alertam que a maioria das mulheres desconhece a
importância do pré-natal odontológico.
Exemplo disso é o
da fisioterapeuta Fernanda Cavalcanti Lima, 34 anos, grávida de oito meses de
Joaquim. Antes de engravidar, ela conta que seguiu todas as recomendações
médicas — como ingestão de ácido fólico e vitaminas — para o perfeito
desenvolvimento do bebê, mas admite que não se lembrou de visitar o dentista.
— Nem me passou
pela cabeça fazer checkup na boca antes de engravidar. Confesso que só procurei
o dentista porque há cerca de dois meses senti dor no dente. Como o incômodo
não melhorou em 24 horas, fiquei com medo de que algo pudesse prejudicar o
bebê.
Atenção: falta de
higiene bucal pode piorar o diabetes
A dor no dente foi
decorrente de uma pequena cárie. Mas, a visita ao dentista também resultou no
diagnóstico de um quadro leve de gengivite (inflamação da gengiva).
— A dentista fez
uma limpeza e minha gengiva sangrou bastante, mas nem imaginava que poderia ser
gengivite. O bom é que pude evitar problemas piores porque não demorei a
procurar o profissional.
Fernanda garante
que sempre teve uma boa higiene bucal, mas segundo a dentista Rosana Possobon,
professora da área de psicologia aplicada da FOP – Unicamp (Faculdade de
Odontologia de Piracicaba), as alterações hormonais, nutricionais, microbianas
e metabólicas típicas da gestação deixam a mulher com maior predisposição às
doenças gengivais.
— A gravidez não
causa a doença da gengiva, mas deixa a mulher mais suscetível a ela ou pode
agravar um quadro preexistente, exatamente por conta destas mudanças do próprio
organismo, que não há como intervir.
Rosana acrescenta
que “há fortes evidências de que mães com doença periodontal têm mais chance de
ter filhos prematuros (abaixo de 37 semanas de gestação), com baixo peso (menos
de 2,5 kg) e ainda desenvolver quadros de pré-eclâmpsia”.
Para o dentista
Giuseppe Alexandre Romito, professor de periodontia da Faculdade de Odontologia
da USP (Universidade de São Paulo), “99% dos casos de gengivite poderiam ser
evitados se as mulheres fizessem o pré-natal odontológico, já que a doença é
difícil de ser detectada pela própria paciente”.
— A gengivite é
causada pelo acúmulo de placa — uma película viscosa e incolor de bactérias que
se forma, em um período de 12 horas, nos dentes e na gengiva.
Os sintomas
clássicos do quadro são gengiva vermelha, sangramento e, às vezes, inchaço.
Outro sinal da doença é o recuo ou retração da gengiva, conferindo aos dentes
uma aparência alongada.
Romito explica que
a gengivite tem tratamento, que consiste em escovação e uso de fio dental pelo
menos duas vezes por dia. Segundo o dentista, se o problema não for
diagnosticado, a inflamação pode evoluir para uma periodontite e causar danos
mais graves e permanentes aos dentes.
— As visitas ao
dentista antes da gravidez para tratar possíveis problemas já existentes e
durante a gestação para avaliar a saúde bucal, de forma geral, deveriam ser
obrigatórias a cada três meses. A prevenção é sempre o melhor caminho.
R7
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