Acusado pela dona da
ONG Instituto Brasil, Dalva Sele, de ser um dos beneficiários de um esquema de
desvio de dinheiro público de R$ 50 milhões para campanhas petistas, o
candidato do PT ao governo da Bahia, Rui Costa, prometeu nesta sexta-feira, 19,
processar a denunciante e a revista Veja, que fez reportagem com base nas
declarações de Dalva. A denúncia é feita a 15 dias das eleições.
"Envolver meu nome
neste assunto faz parte de uma estratégia leviana e suja. Agora, eu quero que
provem o meu envolvimento neste caso. É um desafio", afirmou Rui, por meio
de nota. Segundo ele, seus adversários políticos querem "usar uma revista
aliada para repercutir no horário eleitoral gratuito".
Já a promotora Rita
Tourinho, do Ministério Público da Bahia, informou que Dalva será convocada
neste domingo, 21, para depor. "Vamos ouvi-la o mais cedo possível, diante
da urgência do caso, para ver se ela vai repetir o que disse à revista",
afirmou.
De acordo com a
publicação, a ONG, contratada pelo governo da Bahia para a construção de 1.120
casas populares, teria desviado somente em 2008 mais de R$ 6 milhões do Fundo
de Combate à Pobreza para campanhas eleitorais do PT.
Entre os supostos
beneficiados, estariam, além de Rui, o senador Walter Pinheiro, os deputados
federais Nelson Pelegrino e Afonso Florence além do ex-deputado federal Zezéu
Ribeiro, atualmente conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Alguns
dos citados já se falaram por telefone e articulam uma reunião para discutir as
medidas a serem adotadas, segundo Florence. O encontro pode acontecer ainda este
final de semana, em Salvador.
O governador Jaques
Wagner não foi acusado por Dalva, mas ela declarou considerar
"impossível" que ele não soubesse do que se passava. Por meio de sua
assessoria, Wagner disse que qualquer irregularidade no âmbito do governo será
apurada com rigor.
"Esse assunto está
no âmbito da Justiça e o que eu espero é que caso se comprove alguma ilicitude
ou ato de improbidade que sejam punidos os responsáveis", declarou o
governador.
Em 2012, o MP entrou
com uma ação civil pública, acionando a presidente da ONG e outras seis
pessoas, entre elas Lêda Oliveira - mencionada pela revista como participante
do esquema - além do Instituto Brasil e da Conbec Engenharia. Em agosto daquele
ano, foi deferida liminar determinando a indisponibilidade de bens de todos os
acionados.
Na época, porém, não
foi detectado nenhum beneficiamento de políticos, embora testemunhas tenham
dito ao MP que isso acontecera. A ação tramita na 7ª Vara da Fazenda Pública de
Salvador.
Na última quinta-feira,
18, a juíza Patrícia Cerqueira determinou que se certifique se foram expedidos
os ofícios de indisponibilidade dos bens, por não encontrar "informação se
houve bloqueio de valores em dinheiro".
Outro lado
O deputado Afonso
Florence, então secretário de Desenvolvimento Urbano quando firmado o contrato
com a ONG, nega ter recebido dinheiro de Dalva. "Essas novas acusações, a
15 dias da eleição, com versões que não apareceram na época da investigação do
MP são muito estranhas", afirmou.
O argumento é
compartilhado por Pelegrino e Pinheiro, que prometeram processar Dalva e a
revista. "Desafio a ela dizer que dinheiro deu para a minha
campanha", declarou Pelegrino, que ainda disse ter aconselhado à sua irmã
que deixasse de trabalhar no instituto, "há mais de 10 anos", por
saber de "coisas" que aconteciam. Questionado a que se referia, não
especificou.
"Isso eu vou
discutir na Justiça. Só faço denúncias que tenho condições de provar",
completou. Pinheiro, por sua vez, classificou de levianas as acusações de
Dalva, que afirmou que a mulher e nora do petista "buscavam o
dinheiro" com ela.
"Outra inverdade é
a citação de parentes. Eu jamais recebi recursos dessa 'picaretagem' que ela
mesma afirma ter coordenado", declarou o senador, por meio de nota.
Zezéu disse que esteve
três ou quatro vezes na ONG, mas apenas para discutir política habitacional.
Ele afirmou que estava na estrada e não poderia comentar nada por não ter lindo
ainda a matéria da revista.
Fonte: Atarde online
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