Os meios de comunicação
têm o dever de informar, mas informar com responsabilidade. Fazem parte desse
dever, em primeiro lugar: a verdade incontestável da notícia, a confiabilidade
do órgão, a checagem do fato noticiado e, quando necessário, a preservação do
sigilo das fontes. Mas, sobretudo a ética, que advém do dever
profissional de quem informa.
A livre manifestação do pensamento é um preceito constitucional inafastável.
Todos sabem. Entretanto, eventuais excessos são avaliados e punidos, se for o
caso, após regular processo judicial. E somente mediante apreciação do Poder
Judiciário.
Nesta seara do dever de informar - e informar bem - ainda existe o direito de
resposta, segundo o qual a pessoa que se acha ofendida tem o direito de exigir
do órgão de imprensa a correção, no mesmo espaço, de eventuais erros e
distorções que possam destoar da verdade e tenham ocasionado danos à moral de
quem se entende ofendido.
Em Chorrochó, os blogs Chorrochó em Foco e Chorrochoonline vêm
enfrentando, já há algum tempo, um problema pequeno, simples de resolver, mas que
vem persistindo na região: a omissão do crédito das fontes em notícias
veiculadas, embora em casos isolados, eventuais. Mais simples ainda é entender
que a identificação da fonte é fundamental para dar credibilidade à informação
e definir responsabilidades. Ou seja, é bom para todos e não faz mal a
ninguém.
A imprensa é livre. E essa liberdade pressupõe o afastamento e o repúdio de
quaisquer pressões de pessoas, autoridades ou grupos políticos. Omitir um fato
do conhecimento público apenas porque pode ferir suscetibilidades de algumas
pessoas ou segmentos sociais não faz parte dessa liberdade. Seria apequenar a
grandeza do direito à informação.
Todavia, é preciso cuidado e responsabilidade ao noticiar fatos supostamente
verdadeiros. A imprensa que pretende ser livre não pode noticiar com base em
“ouvi dizer”, “me disseram” ou “me passaram isto como verdade”. É preciso
checar, ouvir todos os lados envolvidos, confirmar, aparar arestas e os excessos
da notícia para depois publicá-la com segurança.
Talvez por se tratar de um campo novo para muitos blogueiros, alguns se
precipitam em noticiar fatos bizarros, publicar fotos catastróficas, até de
pessoas mutiladas em acidentes. Isto não é o cerne da informação, que é mais
séria, nobre, responsável. Informar um acidente não significa mostrar o
acidentado esfacelado. A notícia é mais do que isto.
Os tropeços da vida já são suficientes. Nem sempre as pessoas querem ver
imagens gritantes, tristes, cruéis. Ninguém quer ver seus entes queridos em
situações vexatórias, mesmo depois de mortos. Ninguém quer ver notícias que
enxovalhem parentes próximos, mormente quando são duvidosas e não bem esclarecidas.
Todavia, vale aqui uma observação
não menos importante. Quando a notícia se baseia em documento público, emitido
sob a chancela de autoridade e interessa à sociedade, a mera publicação não
pressupõe juízo de valor. Ou seja, o órgão que a noticiou, desde que tenha
checado a procedência e a fonte, apenas estará cumprindo o seu dever de
informar.
Em resumo: quem se propõe a lutar em benefício da sociedade através de seus meios
de comunicação, não pode abandonar alguns princípios básicos, dentre esses:
informar com seriedade, bom senso, independência e responsabilidade.
araujo-costa@uol.com.br
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