A Igreja Católica se
reconciliou com o padre Cícero Romão Batista, considerado um santo popular no
interior do Ceará e em estados do nordeste do Brasil.
A decisão foi tomada
pelo papa Francisco, em meio ao início do Ano Santo Extraordinário, conhecido
como Jubileu, que tem como tema principal a Misericórdia. A diocese de Crato
divulgou a carta que recebera do Vaticano confirmando a reconciliação.
"É inegável que o
padre Cícero Romão Batista, no arco de sua existência, viveu uma fé simples, em
sintonia com o seu povo e, por isso mesmo, desde o início, foi compreendido e
amado por este mesmo povo", disse o documento assinado pelo secretário de
Estado da Santa Sé, Pietro Parolin.
"O afeto popular
que cerca a figura de padre Cícero pode constituir um alicerce forte para a
solidificação da fé católica no ânimo do povo nordestino. Portanto, é necessário,
nesse contexto, dirigir nossa atenção ao Senhor e agradecê-lo por todo o bem
que ele suscitou por meio do padre Cícero", ressaltou a carta.
Padre Cícero foi um
sacerdote brasileiro e obteve prestígio social, político e religioso no Ceará.
Ele morreu em Juazeiro do Norte, em 20 de julho de 1934, aos 90 anos, sem
conciliação com a Igreja devido a um caso conhecido como "milagre da
hóstia", em que a hóstia dada por padre Cícero teria virado sangue na boca
de uma beata. No entanto, na tradição católica, a hóstia representa o corpo de
Cristo, e não o sangue. O equívoco fez o Vaticano retirar suas credenciais.
A reconciliação é o
primeiro passo para a reabilitação de padre Cícero após as punições impostas.
Agora, não há mais medidas proibitivas para que o "santo popular"
seja beatificado ou canonizado. O pedido de reconciliação tinha partido há nove
anos pelo bispo Dom Fernando Panico.
Jornal do Brasil
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