sexta-feira, janeiro 15, 2016

CHUVAS VEM MUDANDO DE PERFIL COM IMPACTO DIRETO NA ALIMENTAÇÃO.


Temos assistido nos últimos anos uma mudança no perfil das chuvas no Brasil, sobretudo na região semiárida brasileira. Essas mudanças têm efeitos cumulativos na população que está no campo, mas também que está nas cidades. Ocorrendo de diversas formas, seja na diminuição geral das chuvas, ou mesmo na variabilidade delas, o que significa que em um único dia chove o que deveria chover em dois meses, ou mesmo chove apenas em pequenas áreas isoladas e a maioria permanece seca.


Esta diminuição da água no ambiente tem impactado de forma silenciosa a produção de alimentos, que historicamente tem se mantido pela produção de “sequeiro”, que é o plantio somente nas épocas das chuvas, uma característica geral dos sistemas produtivos da agricultura familiar camponesa no Semiárido brasileiro.

Há impactos na diminuição da agrobiodiversidade dos ecossistemas que, tendo a água como elemento fundamental à vida, ocasiona reduções da flora e da fauna. Tudo isto tem um impacto direto nas economias locais que sofrem com o desabastecimento dos mercados locais, diminuição das ofertas, aumento de preços dos alimentos e consequentemente aumento das remessas de dinheiro, que antes circulavam dentro dos territórios e agora começam a ser carregados para fora.

Um exemplo aconteceu no Ceará no ano de 2010, quando o preço do feijão atingiu o maior valor dos últimos cinco anos. E em 2012, em Pernambuco quando as perdas com milho e feijão alcançaram 98%.
Outra problemática aliada a este processo é o avanço da desertificação, fenômeno que corresponde à transformação de uma área em deserto. Segundo a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, este fenômeno é "a degradação da terra nas regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas, resultante de vários fatores, entre eles as variações climáticas e as atividades humanas". Estudo realizado em 2013 pela Organização das Nações Unidas (ONU) intitulado “A Economia da desertificação, da degradação e da seca” aponta que até 5% do Produto Interno Bruto (PIB) agrícola mundial é perdido anualmente por causa da degradação e desertificação do solo.

Neste levantamento de dados dos municípios de Caruaru e Surubim, na região Agreste, e Serra Talhada e Ouricuri, no Sertão, em Pernambuco, constatamos um aumento do Índice de Área Ambientalmente Susceptível (IAS), a partir do Sistema de
Alerta Precoce Contra Desertificação (SAP), do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Esta ocorrência foi entre os anos 2000 e 2010, nos quatro, percebemos que houve aumento do IAS ao longo desse período, isto significa que as terras estão  menos produtivas, o solo está de pior qualidade, o clima piorou e as condições objetivas de produção também, impactando, inclusive, na qualidade de vida das pessoas. Essas variáveis são as utilizadas para calcular o índice.


Os meios de comunicação vêm noticiando que a atual estiagem, que já dura quatro anos, é a maior dos últimos 50 anos. No entanto, ao pesquisar os municípios de Caruaru e Surubim, no Agreste Central e Setentrional e Serra Talhada e Ouricuri no Sertão Central e Araripe, de Pernambuco, através de dados da Agência Pernambucana de Água e Clima (APAC), constatamos que a as chuvas vem diminuindo há 40 anos. Ou seja, estamos sentindo agora os efeitos da estiagem de forma mais aguda, como reservatórios totalmente secos, colapso nas cidades, baixíssima produção de alimentos pela agricultura.

Asa Brasil semiarido

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