O transportador de
valores Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará, afirmou em sua delação
premiada da Operação Lava Jato que ouviu do doleiro Alberto Youssef que o
ex-ministro Mário Negromonte (à época do PP) era o "mais achacador" entre
os políticos e saiu do ministério porque estava roubando mais para si do que
para o caixa do partido.
Rocha trabalhava para
Youssef como transportador de dinheiro e relatou, em sua delação premiada,
entregas para diversos políticos.
"Alberto Youssef
comentava com o declarante que Mário Negromonte, entre os políticos, era 'o
mais achacador'; que Alberto Youssef inclusive disse que Mário Negromonte
perdeu o cargo de ministro das Cidades, em 2012, porque não estava 'fazendo
caixa' para o Partido Progressista, uma vez que estaria 'roubando apenas para
ele próprio'", diz o depoimento de Rocha.
Em seus depoimentos,
ele afirma ainda que fez entregas de dinheiro em um apartamento funcional da
Asa Sul, área nobre de Brasília, no ano de 2011, onde estavam presentes
Negromonte e os ex-deputados Pedro Corrêa e João Pizzolatti, ambos do PP.
Segundo Rocha, ele
transportava o dinheiro no próprio corpo, usando meias de futebol e calças mais
folgadas, e os deputados o recebiam e pegavam o dinheiro.
"Os deputados federais
sempre perguntavam para o depoente: 'Cadê o resto?'; que o depoente apenas
respondia que aquela era a quantia que ele estava transportando", afirmou
no depoimento.
Negromonte é
investigado no STJ, por atualmente exercer cargo de conselheiro em tribunal de
contas da Bahia.
ROLEX
Rocha sugeriu ainda em
sua delação que o relógio Rolex dado de presente por deputados do PP ao então
diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa pode ter sido
adquirido com ele.
Isso porque o delator
comprava relógios no exterior e os revendia no Brasil, tendo vendido cerca de
dez relógios importados a Youssef.
"Na época em que
se comentava sobre essa homenagem a Paulo Roberto Costa, alguém do Partido
Progressista, do qual o declarante não se recorda, chegou a perguntar o
seguinte: 'Cadê, Ceará, já arrumou o relógio do chefe?'", contou.
Segundo ele, os
relógios custavam de US$ 10 mil a US$ 35 mil –caso de um rolex de ouro vendido
a Youssef.
OUTRO LADO
A defesa de Negromonte
afirmou que o ex-ministro "jamais recebeu valores indevidos", não
manteve contato com Rocha e passou pelo ministério das Cidades sem ser alvo de
investigação, tendo deixado o cargo a pedido.
Em depoimento à Polícia
Federal, o ex-deputado Pizzolatti negou irregularidades, mas afirmou que
Youssef captava doações para campanhas eleitorais das empreiteiras que
mantinham vínculo com a Petrobras.
A defesa de Pedro
Corrêa, já condenado em primeira instância sob acusação de corrupção passiva e
lavagem de dinheiro, argumentou na ocasião que valores de propina estimados
eram apenas suposições e que ele não mais exercia função pública na época dos
fatos do processo.
Folha de São Paulo/Beira rio Noticias
Nenhum comentário:
Postar um comentário