Após a divulgação
do retrato falado do suspeito de ter assassinado a menina Beatriz Angélica Mota
nesta segunda-feira (22) pela Polícia Civil, na capital pernambucana, os pais
da criança, Sandro Romilton e Lucia Mota, concederam uma entrevista ao Blog
Geraldo José e deram mais informações sobre a construção da imagem e também
sobre o andamento das investigações. Beatriz foi morta a facadas no dia 10 de
dezembro de 2015 durante uma solenidade de formatura no Colégio Nossa Senhora
Auxiliadora, em Petrolina.
RETRATO FALADO
De acordo com a mãe
de Beatriz, que foi uma das testemunhas chave para a elaboração do retrato, a
foto revelada condiz com a imagem que ela testemunhou minutos depois de sentir
a falta da criança.
“Eu acredito que
sim. É dentro das características que eu vi. Eu acredito que eles estão na
linha correta. É o que a gente espera. A gente quer justiça. Queria fazer um
apelo para as pessoas das redes sociais que ficam tentando desconfigurar o
retrato que foi divulgado. Não façam isso. Contribuam com a gente, com a
investigação. Se o delegado está dando esse retrato vamos trabalhar em cima
disso. Nos ajudem! Ele é experiente no caso. Eu e Sandro não temos formação
policial, ele tem. Ele tem a linha de investigação dele”, frisou Lúcia.
O pai de Beatriz
reafirmou a possibilidade do retrato falado divulgado ser de fato o que foi
visto pelas testemunhas. “Algumas pessoas viram uma pessoa estranha entrando no
banheiro masculino, banheiro feminino, mas que não foi captado em câmeras e não
foi vista nas filmagens oficiais. A escola naquele setor não tinha
câmeras, mas tinham muitos pais de alunos e alunos tirando fotos, fazendo
filmagens de modo aleatório, então ele se baseou no que algumas pessoas viram,
em três testemunhas e uma delas foi Lúcia. Eu, pessoalmente, não vi ninguém
estranho”, disse Sandro.
Indagada sobre como
teria visualizado essa "pessoa estranha" dentro da solenidade, Lúcia
Mota declarou emocionada. “Isso para mim é muito difícil de falar ainda. Logo
quando eu percebi a falta e fiz aquela visão de 360 graus de que ela não está
com a avó, não está com Sandro e não está com a tia, eu corri para o bebedouro,
por que ela me disse que ia beber água. Ela sempre ficava pertinho de mim e na
visão de Sandro, da minha sogra, da minha irmã, da minha cunhada. A gente só
imaginava que ali era um ambiente familiar e era um lugar que ela tinha total
propriedade para entrar e sair, era sua segunda casa. Naquele instante que fiz
essa visão eu corri para o bebedouro. Está ainda muito difícil de digerir”.
Lúcia Mota afirmou
que a família já tinha tido contato com a foto oficial do suspeito divulgada
pela polícia e negou o fato da divulgação ter relação com a matéria do Fantástico.
“Isso não foi nenhuma coincidência. Eu já tinha conhecimento. Para a gente não
foi nenhuma novidade. A gente vem mantendo contato sempre com o delegado. Ele
nos passa o mínimo possível para nos preservar e preservar outras testemunhas.
Eu acho muito importante essa questão do sigilo para garantir a integridade das
pessoas que estão contribuindo nas investigações”, disse a mãe.
Sobre esse contato
anterior com o retrato falado do suposto assassino, o pai de Beatriz
acrescentou: “Ele nos disse que tinha dois retratos da mesma pessoa. Foi feito
um perfil em Petrolina na Polícia Civil e outro foi feito em Recife. Então
tinham que confrontar essas imagens para chegar o mais próximo da realidade”.
INVESTIGAÇÕES
O pai de Beatriz
acredita que a Polícia Civil de Petrolina está agindo corretamente e relatou
que segundo informações passadas pelo delegado-chefe responsável pelo caso,
Marceone Ferreira, 80% da investigação está concluída.
“O apelo de Lucia é
muito forte com o delegado e ele nos pediu um voto de confiança. Eu dizia a ele
que no dia da festa, com Beatriz, nós éramos 17 pessoas. Ele é um delegado que
é de fora, que não tem muito contato com as pessoas da região e ele tem um
perfil conservador. Com essa proximidade nossa, com essas nossas idas lá, com
as palavras de Lúcia, ela comoveu todos os agentes e investigadores. A gente
sente que as pessoas abraçaram a causa e nos falam o mínimo possível, por
sigilo e por segurança deles. O delegado não pode sair falando o que está
investigando. A gente sente uma estratégia e um perfil dele de segurança. Ele
nos deu uma margem de 80% do caso pronto, já preparado, junto com o secretário
de Segurança Pública e o Chefe da polícia Civil de Pernambuco. Não nos deram
100%, mas até aquele instante 80%. Agora precisam de amarrações para não correr
o risco de prender uma pessoa e por falta de prova essa pessoa ser solta, como
é o sistema brasileiro, as coisas são muito brandas. Se for um de menor, menos
ainda, corre o risco dele não ser preso”, frisou.
APOIO DO COLÉGIO
Sandro salientou
ainda que o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora deu uma contribuição inicial para
o caso. No entanto, relatou a falta de segurança no momento em que acontecia a
solenidade e como isso contribuiu para o atraso das investigações. “A escola
deu uma contribuição inicial com o Disque denúncia e nós conseguimos
fazer. Através de um advogado, estou licenciado da escola até setembro e
depois a gente vai renegociar. A escola tinha uma certa quantidade de câmeras
só que naquela parte da quadra não era visível. A segurança é frágil, não tinha
senha nesse dia, era acesso livre a todos".
APÓS O CRIME
O pai também citou
a ação inicial da polícia no dia do crime: "O que deveria ter sido feito:
a polícia chegar no ambiente e fechar o local. Lá não aconteceu isso. As
pessoas que estavam dentro saíram e as de fora entraram. Muita coisa da cena do
crime foi poluída por conta disso. Isso atrapalhou bastante as investigações”,
pontuou.
APELO A POPULAÇÃO
Os pais de Beatriz
fizeram um apelo à população de Juazeiro e Petrolina para que não compartilhem
nas redes sociais depoimentos que venham a denegrir o trabalho policial e com
isso atrapalhe o andamento do inquérito.
“Antes de receber a
foto oficial do delegado, nós já tínhamos recebido outras fotos que não tinham
muito a ver com a realidade, como se as pessoas estivessem brincando e isso é
coisa séria. A gente faz esse apelo as pessoas que, antes de ligar para o
Disque Denúncia, passar trote, compartilhar informação, reflitam que por traz
disso tudo tem uma família sofrendo, muitas pessoas e que a sociedade está
aterrorizada. Isso é crime, para as pessoas que não sabem”, disse o pai da
criança.
A mãe de Beatriz,
emocionada, reforçou o pedido para que as pessoas que estavam no colégio
no dia do crime enviem fotos e vídeos do local. “Eu queria fazer um
apelo, aos jovens, as pessoas que estavam na festa para enviarem para a página
“Somos Todos Beatriz” fotos do entorno daquele acesso do campinho, onde
normalmente acontecem as festas juninas. Quem tirou foto, vídeo, por favor, eu
faço esse apelo, enviem para a página de Beatriz, mesmo que não achem
relevante, enviem. Só tem uma página que é a oficial que está no meu Facebook.
Não compartilhe a página falsa. A página oficial(clique aqui) está
no meu Facebook, Lucinha Mota”, concluiu.
MATÉRIA DO
FANTÁSTICO
Após repercussão na
internet, os pais confirmaram que a imagem divulgada pelo Fantástico ontem, 21,
de Beatriz correndo pela quadra, na verdade não era a da criança:"Houve
um erro na matéria, ali não era a Beatriz, inclusive a garota que apareceu nas
imagens é filha de um funcionário do colégio" esclareceu.
A DOR DA FAMÍLIA
“Para a gente está
sendo difícil, a minha vida parou no dia 10 de dezembro, não tinha mais sentido
de viver. Nós ainda não conseguimos voltar para casa, não consigo voltar para
casa sem a minha filha” disse a mãe de Beatriz.
O pai, Sandro, completou: “Nós
temos outros filhos, tivemos que sair de casa e trabalho, foi um momento muito
difícil. Essa sensação de lutar em busca da justiça foi o que nos colocou de
pé” finalizou.
Redação Blog Geraldo José
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