O empresário Benedito
Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, afirmou em delação premiada que o
ex-ministro das cidades e atual conselheiro do Tribunal de Contas dos
Municípios da Bahia, Mário Negromonte, recebeu propina de R$ 1 milhão. Quem
também teria se beneficiado do esquema foi o também ex-ministro das Cidades,
Marcio Fortes, do governo Lula, que teria recebido R$ 1 milhão de um esquema
que resultou na contratação da agência de publicidade Propeg, em 2010. Assim
como Negromonte, o ex-deputado Pedro Corrêa também teria recebido valor
equivalente a 10% do contrato de publicidade.
A delação de Bené foi
homologada na semana passada pelo Superior Tribunal de Justiça, no âmbito da
Operação Acrônimo – investigação da Polícia Federal que atribui crime de
corrupção ao governador de Minas Fernando Pimentel (PT), ex-ministro do
Desenvolvimento do governo Dilma.
Em sua delação, Bené
afirmou que o Grupo CAOA, do setor automotivo, teria pago R$ 20 milhões a
Pimentel. A CAOA nega categoricamente o repasse ilegal. A delação do empresário
preenche 20 anexos. Um deles é dedicado aos ex-ministros Marcio Fortes e Mário
Negromonte e ao ex-deputado Pedro Corrêa – este também delator, mas de outra
operação, a Lava Jato.
Segundo informações do
jornal O Estado de S. Paulo, Bené afirmou que por volta de 2010, Negromonte o
procurou. Segundo o delator da Acrônimo, Negromonte pretendia ‘influenciar’ em
licitação da área de publicidade do Ministério das Cidades. O plano seria
beneficiar a Propeg.
Negromonte e Pedro
Corrêa – na época, réu do Mensalão – iriam receber, segundo Bené, 10% do
‘resultado’ da operação. O acordo previa que o ministro Márcio Fortes, que
ocupou o cargo entre 2005 e 2011, e um assessor dele, conhecido por ‘Alcione’,
ficariam com uma parte do valor do contrato, desde que a Propeg fosse a
escolhida.
Em resposta. o advogado
criminalista Carlos Fauaze, que defende o ex-deputado baiano, informou que não
vai se manifestar por não ter tido acesso à documentação constante nos autos do
processo. Mário Negromonte afirmou que a empresa Propeg é da Bahia, seu Estado,
e que ele não precisaria da intermediação de Bené para tratar de qualquer
assunto envolvendo a empresa. “A Propeg é da Bahia. Eu ia precisar do Benedicto
para fazer alguma intermediação de conversa? Não tem sentido. Jamais procurei
ele para esse tipo de contato”, afirmou ao diário paulista.
A Propeg também nega
envolvimento no esquema. “É falso o enredo por meio do qual se tenta envolver a
Propeg em assuntos que são inteiramente estranhos à agência. Jamais, em tempo
algum, houve pagamento a políticos por meio da empresa. Em 2010 a Propeg e outras
três agências de propaganda venceram licitação para atender ao Ministério das
Cidades. O certame escolheu aquelas que apresentaram as melhores propostas nas
modalidades técnica e preço, como rege a lei”, explicou.
Bocão News
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