“Sou agricultora desde
que nasci, que eu me entendo de gente”, disse Amara Ribeiro, de 42 anos, quando
se perguntou sobre sua profissão e seu lugar do mundo. Uma resposta que não é
só de Amara, mas de tantas outras sertanejas. Mãe de três filhos cuida da roça
e do seu quintal produtivo há anos, mas só nos últimos dois anos participando
do Projeto Mulheres na Caatinga, com assessoria da Casa da Mulher do Nordeste,
que aprendeu outras formas de plantar e de fazer uma agricultura feminista
agroecológica.
Da comunidade de Pau
Leite, São José do Egito, ela passou a conhecer melhor o bioma Caatinga, e
passou a colocar folha seca do chão e estrume para que a planta consiga
sobreviver aos longos períodos de estiagem. Dona Amara conta que antes apenas
cavava a terra e plantava a muda. E assim fez o seu quintal produtivo com muito
pé de frutas, como: cajueiro, mangueira, goiabeira, graviola, acerola, limão,
laranjeira, bananeira. E também outros produtos como: capim santo, palma, macaxeira,
mandioca, coentro, alface, cebolinha. E completa sua área com a criação de
pequenos animais, a exemplo das galinhas e porcos.
A vida das sertanejas é
de muita sabedoria, e foi baseado nesse saber que o projeto Mulheres na
Caatinga, que contou com o apoio do Programa de Pequenos Projetos Ecossociais
(PPP-ECOS), gerenciado pelo Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN),
também priorizou a troca e as experiências das mulheres no campo. “Aprendemos a
fazer doce, como o de leite, sabão, a polpa de fruta. As 10 mulheres que
participaram do projeto daqui da comunidade vão formar um grupo. Do que
aprendemos vamos decidir por fazer algo que nos dê renda”, contou Amara Ribeiro
que também depende de programas sociais para sobreviver. Das oficinas sobre gênero,
também pontuou que os diálogos com o marido foram necessários. “Agora a gente
faz o que quiser e antes era se o marido permitisse. As oficinas abriram meus
olhos, e falo para meu marido que as coisas modificaram e que a escravidão já
passou”, disse.
Outra tecnologia que
beneficia a vida das mulheres e também a conservar o bioma caatinga, é o fogão
agroeocológico, que desenvolvido pela Casa da Mulher do Nordeste é replicado
para outras mulheres em forma de oficinas. “Quando temos reunião lá em casa, a
gente sempre está conversando sobre nossas vidas, sobre o bioma caatinga, sobre
o fogão agroecológico. Que não vamos mais comprar o pão, nós vamos fazer eles,
assim como os bolos e assar carne. Esse fogão não tem fumaça, vai ser
maravilhoso”, completou.
Fonte: Assessoria de
Comunicação da Casa da Mulher do Nordeste
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