sábado, setembro 18, 2010

Delegados estariam envolvidos em atentado contra o desembargado de Sergipe.





O presidiário Joélio Santos Almeida, preso há um ano e meio na Cadeia Territorial de Nossa Senhora do Socorro, sob acusação de ter cometido 11 estupros, teria sido o autor de uma suposta carta em que aponta o diretor da unidade prisional Rosman Pereira dos Santos e mais três delegados da Polícia Civil, “de fazer parte de uma facção criminosa que inclusive teria ordenado a morte do desembargador Luiz Mendonça”. Essa informação será checada pelo delegado responsável pelo inquérito Thiago Leandro de Oliveira, ao ressaltar que tudo está sob sigilo. Ele garantiu que todas as informações que chegam para a polícia a respeito do caso são checadas. “Não desprezamos nada e qualquer nome que seja citado, não importa quem seja, é investigado”, assegurou.

Hoje, ao completar um mês do atentado contra Luiz Mendonça, presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em Sergipe, a acusação do presidiário é o único fato relevante nesse imbróglio que desafia a Secretaria de Segurança Pública (SSP). A investigação é feita por quatro delegados da instituição e outro da Polícia Federal, e mais 15 agentes das duas instituições. De acordo com Thiago Leandro, nem mesmo os outros policiais civis que não estão na apuração desse caso não têm qualquer tipo de informação. “Nós nos reportamos somente ao superintendente [João Batista] ou ao secretário João Eloy”, afirmou.

A denúncia do Joélio Santos Almeida é apenas uma, entre as muitas que a polícia tem recebido de presidiários a respeito do atentado contra Luiz Mendonça. “São presos que querem algum benefício dentro da prisão”, disse Thiago Leandro. Segundo ele, o inquérito “está bem grosso”, ao se referir ao número de páginas, mas não especificou exatamente quantas são. O delegado também não disse quantas pessoas já foram ouvidas até este momento ou quantas vezes o desembargador Luiz Mendonça foi procurado pela polícia. “Tudo é sigilo, tudo é sigilo”, afirmou.

O inquérito tende a ficar maior, porque a acusação de Joélio vai ser apurada. A denúncia foi tornada pública pelo próprio diretor da unidade prisional, Rosman Pereira, que no dia 15 de setembro, às 14h47 prestou uma queixa na 5ª Delegacia Metropolitana. Rosman diz que essa acusação não passa de uma calúnia do presidiário que, isolado na Cadeia de Socorro, quer transferência para outra unidade prisional. De acordo com Rosman, Joélio teria redigido uma carta e nela aponta três delegados da Polícia Civil. Na queixa, Rosman disse que “a carta teria sido levada a uma suposta autoridade pelo servidor da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), Jobson de Oliveira Costa”.

Ontem, Rosman classificou a acusação de um “disparate” e que, além de procurar a polícia, abriu um procedimento interno na Cadeia para interrogar o preso e ainda solicitou que a Corregedoria da Sejuc ouça o servidor Jobson de Oliveira, o que deve ocorrer na segunda-feira. Rosman apenas sabe que existe um a carta, mas que não a leu e credita toda essa história a uma invencionice. Isso porque na Cadeia Territorial os presos só assistem na televisão programas educativos durante as duas horas de banho de sol.

Estado de saúde do cabo

A Assessoria de Comunicação do Hospital João Alves Filho informou na tarde de ontem que, prestes a completar um mês de internação, o paciente Jailton Batista Pereira, motorista do desembargador Luiz Mendonça e vítima do ataque, recebeu alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e será encaminhado a um leito da Unidade Semi-intensiva.

De acordo com a nota divulgada pelo hospital, a equipe médica que acompanha o caso disse que o quadro clínico do cabo apresentou evolução suficiente e que justifica tal remoção. Segundo o neurocirurgião Rilton Morais, nesta nova ala Jailton terá maior contato com familiares e amigos, essencial para a sua reabilitação.

Ainda segundo as informações passadas pelo hospital, o paciente está traqueostomizado, sem nenhum sinal de infecção e com pressão arterial controlada. Ele continua respondendo a alguns estímulos de forma esporádica, mas ainda não consegue se comunicar verbalmente. Na Unidade Semi-intensiva, Jailton seguirá acompanhado de uma equipe interdisciplinar e do aparato tecnológico necessário ao seu tratamento. Apesar da melhora considerável, seu estado de saúde ainda é considerado delicado.

TEXTO: Antonio carlos garcia/ foto Marcos Vieria

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