segunda-feira, outubro 15, 2012

ELEIÇÕES 2012- CRONICAS DE WALTER ARAUJO


O primeiro sentimento que acompanha qualquer derrota é a sensação de isolamento. E, para o perdedor, a angústia se faz presente até se desanuviarem as dúvidas, as razões do fracasso.

A derrota é um percalço do caminho. Nela não há definitividade. Quem se dispõe a competir tem que vislumbrar tanto a vitória quanto o fracasso.

Em política não é diferente. Todavia, tem um componente capaz de diluir os efeitos da perda: a derrota é coletiva, porque envolve e atinge grupos, interesses, tendências, correntes partidárias, ideologias.

Não pretendo comentar aqui a derrota da oposição em Chorrochó, tampouco a vitória da situação, que teve uma votação expressiva e respeitável, mas as formas de operacionalidade da campanha eleitoral que se findou.

Não há santo de um lado, nem de outro, todos sabemos disto. Mas tem-se notícia de que a campanha teve de tudo, ou quase tudo, menos civilidade: houve agressões físicas e verbais, eventual compra de votos, insinuações de que casas populares e bolsa família serviram como barganha, distribuição de blocos para construção num povoado, uma rádio comunitária tirada do ar e até tentativa de invasão da casa de um vereador da oposição por seguidores do grupo vitorioso.

Somam-se a esta confusão: a simultaneidade de afastamento do prefeito, acusado de improbidade administrativa, a ascensão do vice que agora integra o grupo adversário, a acusação de subtração de documentos e computadores da Prefeitura e o saque de dinheiro público na iminente saída do prefeito, o que não deixa de ser questionável. A lista de práticas condenáveis mais parece um caminho de formigas.

As sentenças são extremas. Aqui e acolá o Poder Judiciário quase sempre precisa tomar decisões amargas, embora sensatas, em nome do interesse público.

A sentença proferida em 20.09.2012, que afastou o prefeito, foi severa por dever de ofício: proibiu a retirada de “qualquer bem, computador, equipamento, arquivo digital e qualquer documento pertencente à Prefeitura Municipal de Chorrochó” e ainda vedou ao prefeito afastado “proceder com qualquer autorização e/ou pagamento como ordenador de despesa”. Mais: bloqueou as contas do Município de Chorrochó do Banco do Brasil, em Belém do São Francisco e do Bradesco, em Chorrochó. Em qualquer município que adota as mínimas cautelas de seriedade administrativa não seria necessário um juiz decidir isto. É vergonhoso. É constrangedor. Ora, se a Justiça determinou assim é porque vislumbrou práticas que justificaram o extremismo da decisão. E a função da Justiça é dizer o direito, aplicando-o consoante as provas disponíveis no processo. Muito feio para a administração, ruim para a população e péssimo para Chorrochó, enquanto município. Pergunto: no mundo de hoje ainda é admissível governar assim? Estamos atrasadíssimos no que tange aos conhecimentos de administração pública.

O fato é que tudo isto dificultou o convívio entre oposição e situação e tornou a campanha eleitoral irrespirável. Faltou civilidade, faltou equilíbrio. Sobrou destrambelho, disparate.

Se a derrota não arranhou nenhuma consciência no percurso, nem sempre é amarga. A vitória às vezes é alcançada sobre alicerces frágeis e, como tais, sujeitos a desmoronamentos. A campanha eleitoral acabou. É hora de Chorrochó voltar à normalidade familiar tão própria de sua tradição.

Fonte:Blog de Walter Araujo

Nenhum comentário: