A
oposição e a grande mídia bem que se esforçam, mas não é tão simples como
pretendem desconstruir o PT, sua principal liderança - o ex-presidente Lula - e
o atual governo da presidenta, Dilma Rousseff.
Como
prova disso, pesquisa realizada pelo Ibope e publicada no jornal O Estado de
S. Paulo no último domingo mostra que o Partido dos Trabalhadores continua
sendo o preferido dos brasileiros, enquanto o PSDB, muito atrás, registrou
grande queda no Sudeste, onde estão seus eleitores mais fiéis.
Evidentemente
o jornal preferiu destacar em sua matéria o suposto apartidarismo dos
brasileiros, uma vez que 56% dos entrevistados disseram não ter nenhuma
preferência por partido, contra 44% que apontaram inclinação por alguma
legenda. Em 1988, os números eram invertidos, com 61% partidarizados e 38% sem
preferência.
O
jornal força uma análise do "desencanto com os partidos",
associando-o aos escândalos políticos dos últimos anos, como se 44% da
população que se coloca simpática às legendas fosse um contingente desprezível.
Além de não ser, vivemos em todo o mundo ocidental democrático um momento de
redução da identificação da sociedade com as legendas políticas.
Em
declaração na própria matéria do jornal, o cientista político Carlos Melo
afirma que fatores históricos como a queda do Muro de Berlim e o fim da União
Soviética ajudam a explicar o fenômeno.
Exaltaram,
com euforia, a queda na popularidade do PT, que com 33% da preferência em
pesquisa semelhante realizada em 2010, aparece nesta última com 24% de
apoiadores. Acontece que, de acordo com os dados da pesquisa, praticamente
todas as legendas perderam simpatizantes.
O
PSDB, cuja preferência na região Sudeste, onde se concentra sua base, já chegou
a 14%, hoje, não tem mais de 7% de adeptos. E o PMDB, que no governo Sarney,
logo após o Plano Cruzado, já teve a preferência de 26% dos brasileiros, hoje
tem apenas 6%.
Além
do mais, o fato de o PT continuar sendo o preferido dos brasileiros, mesmo no
auge de uma campanha intensiva da oposição e de setores da imprensa para
desmoralizar suas conquistas e desmerecer o projeto político iniciado há dez
anos com o ex-presidente Lula, não é pouca coisa.
O
partido não apenas se mantém na liderança, como também se distancia dos demais
em termos de popularidade, com índice de apoiadores quatro vezes maior que o do
PMDB, indicado por 6% dos entrevistados, e quase cinco vezes maior que o do
PSDB, citado por 5%.
Outro
aspecto abordado na sondagem feita pelo Ibope é a identificação das pessoas de
renda maior com as agremiações partidárias. Os tucanos são apontados como a
sigla preferida de 23% dos entrevistados com renda familiar superior a dez
salários mínimos, enquanto o PT, que já teve a preferência de 35% das pessoas
neste segmento, na pesquisa atual registrou a simpatia de 13%.
Essa
mudança de perfil pode ser analisada sob a luz daquilo que o professor e
cientista político André Singer chama de "realinhamento eleitoral".
Para Singer, a partir de 2005, o PT vem perdendo apoio nos segmentos cuja renda
familiar supera cinco salários mínimos e ganhando entre os eleitores de renda
mais baixa.
Não
coincidentemente, a pesquisa revela que o partido perdeu espaço entre leitores
de jornais e revistas, um dado que passou batido nas análises feitas pelo
jornal, mas que é de grande relevância, quando consideramos a cobertura
editorializada da mídia sobre a Ação Penal 470, exatamente a partir de 2005.
Desde
então, instaurando-se como poder político, revistas e jornalões buscam
criminalizar o partido, bombardeando o público com falsas denúncias e manchetes
mentirosas, que se multiplicam e repetem dia a dia.
Ainda
assim, o desgaste que certamente gostariam de acarretar é muito menor do que
aquele que, de fato, produzem. A identificação da grande maioria com o PT é um
sinal inconteste de que o partido continua contando com a confiança dos
brasileiros e de que o Brasil está no rumo certo.
Para
além de todas as análises sobre números e tendências, em excelente artigo
recentemente publicado, o jornalista Luiz Carlos Azenha toca em algo que é
fundamental para explicar a identificação dos brasileiros com o PT.
Hoje,
grande parte da população brasileira, que compõe a imensa classe média,
compartilha uma sensação de pertencimento que "nenhuma pesquisa de opinião
é capaz de medir". E esta sensação está associada ao PT.
Afinal,
o PT é inegavelmente o partido que tem conduzido nos últimos dez anos o processo
de mobilidade social e redução das desigualdades que está mudando o nosso país.
Os
brasileiros que deixaram de pertencer a um mundo de exclusão, onde seus
direitos não eram reconhecidos e muito menos garantidos, hoje percebem a
importância de um projeto que, combinando a reorganização do Estado, políticas
sociais e fortes investimentos em infraestrutura, promove a recuperação da
nossa autoestima, gera empregos, renda e oportunidades, devolvendo a milhões de
brasileiros o sentimento de cidadania e dignidade.
O
que a grande mídia brasileira se empenha diariamente em tentar esconder é que o
PT tem tudo a ver com a construção de um Brasil próspero, pujante, desenvolvido
e que cresce incluindo, melhorando concretamente a vida de seu povo.
O
pertencimento dos brasileiros a esse novo Brasil é a razão de ser do PT e a
explicação para que o partido continue surgindo como a maior expressão política
do país.
José
Dirceu, 66, é advogado,
ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT
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