O ministro Teori
Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta quarta-feira (20)
incluir no principal inquérito da Operação Lava Jato que tramita na Corte
trechos da delação do senador Delcídio do Amaral (MS) em que a presidenta Dilma
Rousseff, o vice-presidente, Michel Temer, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva são citados. Na delação, também
foi citado e incluído no inquérito Joel Rennó, ex-executivo da Petrobras do
governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Zavascki atendeu a um
pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A medida não significa
que os citados passaram a ser investigados pelo Supremo.
Em março, Zavascki
homologou o acordo de delação premiada do senador Delcídio do Amaral (MS)
firmado com a Procuradoria-Geral da República (PGR) para colaborar com as
investigações da operação. Na ocasião, o ministro retirou o sigilo do processo
e divulgou a íntegra dos depoimentos de delação.
Governos Itamar e FHC:
No acordo de delação premiada assinado com o Ministério Público Federal e
homologado pelo Supremo, o senador Delcídio do Amaral (MS) revelou que o
esquema de corrupção na Petrobras já ocorria antes da chegada do PT ao governo,
nas gestões dos presidentes Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.
Segundo Delcídio, na
gestão do ex-presidente da estatal Joel Rennó, que comandou a Petrobras nos
governos de Itamar e Fernando Henrique,
entre os anos de 1992 e 1999, ocorriam “casos de ilicitudes”, em alguns casos
para “enriquecimento pessoal” como também para “financiamento de campanhas
políticas”.
Temer: O senador disse
em depoimento de delação premiada que o vice-presidente da República, Michel
Temer, chancelou a indicação de dois ex-diretores da Petrobras que foram
condenados na Operação Lava Jato. Segundo o senador, Temer era “padrinho” de
João Augusto Henriques, ex-diretor da BR Distribuidora, subsidiária da estatal,
e de Jorge Zelada, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras.
De acordo com
depoimento de Delcídio, tomado no dia 11 de fevereiro pela Procuradoria-Geral
da República (PGR), Henriques foi o principal operador de “um dos maiores
escândalos envolvendo a BR Distribuidora”, envolvendo uma suposta aquisição
ilícita de etanol, entre 1997 e 2000, durante o governo do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso.
Dilma: Na delação,
Delcídio declarou que a presidenta Dilma tinha “pleno conhecimento” do processo
de compra da Refinaria da Pasadena, nos Estados Unidos, que gerou prejuízos
para a estatal. Segundo o senador, Dilma nomeou o ministro do Superior Tribunal
de Justiça (STJ) Marcelo Navarro Ribeiro Dantas com interesse em barrar as
investigações da Operação Lava Jato.
Lula: Em um dos
depoimentos, Delcídio disse que o ex-presidente Lula tentou interferir para
evitar que o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Ceveró
assinasse acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato. No dia 8
de abril, Lula prestou depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) e negou
as acusações.
Outro lado: No mês
passado, após a divulgação dos depoimentos, Temer negou que teria feito a
indicação pessoalmente e que conhecesse Henriques à época. Segundo ele, a
apresentação do nome de Henriques foi feita pela bancada do PMDB de Minas
Gerais na Câmara.
“O nome não foi
aprovado. Posteriormente, indicaram o nome do senhor Jorge Zelada, que foi
encaminhado pela mesma bancada e aprovado. Aliás, esse procedimento era
rotineiro, já que muitas e muitas vezes vários nomes indicados pelas bancadas
eram-me tão somente comunicados. Estes são os fatos”, disse Temer.
A presidenta Dilma
declarou “jamais” ter falado com Delcídio sobre a Lava Jato e negou ter tentado
negociar “de forma imoral” a nomeação dos ministros, com o objetivo de
conseguir a libertação de investigados que na época estavam presos
preventivamente.
Na ocasião, a
presidenta também disse que os esclarecimentos sobre a compra da Refinaria de
Pasadena pela Petrobras, em 2014, já foram devidamente prestados, embasados em
documentação do Conselho de Administração da Petrobras, e que o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou o arquivamento da
investigação.
A defesa de Joel Rennó
não foi localizada.
Agencia Brasil/O povo com a noticia
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