O anúncio de reajustes
na tabela do Imposto de Renda e no valor do benefício do Bolsa Família, que
deve ser feito pela presidente Dilma Rousseff neste domingo no ato em comemoração
ao dia do Trabalhador no Vale do Anhangabaú, foi criticado pelo deputado
federal Paulo Pereira da Silva (SD-SP) antes mesmo de ser feito. Para ele, o
anúncio parece "vingança" do governo. "Ela disse que vai
anunciar reajustes no Bolsa Família e no Imposto de Renda. Primeiro que
reajustar a tabela do Imposto de Renda em 5% é muito abaixo do que a gente
queria.
As perdas hoje com o Imposto de Renda são em torno de 72%", disse
o parlamentar, que tem forte ascendência sobre a Força Sindical, organizadora
do evento comemorativo ao dia do Trabalhador no Campos de Bagatelle, também
neste domingo em São Paulo. "Parece um pouco de vingança porque ela
deveria ter feito o reajuste dessas questões durante seu governo. Agora que o
governo acabou ela quer fazer algum gesto, mas é muito aquém do que a gente
precisa", completou. Para Paulinho, apesar de não ser esta a intenção, o
ato Praça Campo de Bagatelle funciona como um contraponto ao organizado no Vale
do Anhangabaú por entidades mais alinhadas ao governo e o PT, no qual devem
participar não só a presidente Dilma Rousseff como também seu antecessor, Luiz
Inácio Lula da Silva. "Não é o que a gente queria, mas acaba sendo um
contraponto". No evento organizado pela Força Sindical devem participar
deputados de partidos de oposição que atuaram pela aprovação da admissibilidade
do pedido de impeachment, aprovado na Câmara no último dia 17.
Os discursos
deverão ser pontuados por críticas à condução do governo na área econômica, na
geração de empregos e nas justificativas para o posicionamento favorável ao
impeachment da presidente Dilma Rousseff. "Não tem como falar da crise do
emprego, da recessão e do impeachment, até porque os deputados que comandaram o
processo de impeachment vão falar sobre essa questão", disse o deputado.
Paulinho afirma que, após as críticas ao Ponte para o Futuro - programa
elaborado pelo PMDB com diretrizes para um eventual governo de Michel Temer
que, na visão do deputado, reduz direitos trabalhistas - as conversas com o
vice têm sido "positivas" no sentido da preservação destas garantias.
"Ele disse que está à disposição, que vai conversar muito, negociar muito.
É isso que a gente quer", disse. "O que estamos discutindo com ele é
uma espécie de Ponte Para o Futuro 2, que deve ser divulgado nos próximos dias.
O trabalhador pode ficar tranquilo e garantido que não vai ser retirado o
direito dos trabalhadores", afirmou.
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