Não se trata apenas de
projeção, mas de conta aritmética. Na velocidade em que o nível de água do Rio
São Francisco vem caindo, a projeção da Defesa Civil da Bahia é que se não
chover até novembro, o Lago da Barragem de Sobradinho, que é responsável por
60% do abastecimento de água para a geração de energia na Região Nordeste,
seque e reste apenas a calha do rio, impossibilitando qualquer captação de água
para funcionamento do sistema hidrelétrico da CHESF.
A análise foi feita,
com base em previsões técnicas da Companhia Hidrelétrica do Vale do São
Francisco (Codevasf), pelo superintendente da Defesa Civil da Bahia (Sudec),
Paulo Sérgio Menezes, que com técnicos e engenheiros da própria Codevasf, elaborou um relatório que foi
enviado ao Ministério da Integração Nacional
mostrando a gravidade da situação. “Infelizmente estamos caminhando para
uma catástrofe ambiental sem proporções e sem perspectivas de melhorias”,
disse.
Em três dias de
inspeção na região, o superintendente da defesa Civil na Bahia disse que em
todos os cincos municípios no entorno do Lago de Sobradinho – Remanso, Casa
Nova, Sento Sé, Pilão Arcado e Sobradinho – os técnicos constataram que a
captação de água a partir do Lago de Sobradinho, para abastecer tanto aas sedes
municipais como a zona rural, cada vez
mais difícil.
Segundo explicou Paulo
Sérgio Menezes, em Remanso, o Exército, através do 72º Batalhão de Infantaria
Motorizada, sediado em Petrolina (PE), deslocou 37 carros-pipas para abastecer
o município. A captação de água está sendo feito a sete quilômetros da cidade,
através de bombas flutuantes no leito do rio, e movidas a óleo diesel. “Até
mesmo a água de poços artesianos está cada vez mais escassa, pois tem havido um
rebaixamento da vazão porque os lençóis freáticos estão secando”, diz
Sérgio. Ao todo, nos cinco municípios do
lago, mais de 200 carros-pipas foram contratados nos últimos meses.
Colapso – Em três dias
o volume do lago da Barragem, de Sobradinho caiu 0,27%, saindo de 5,50%, na
segunda-feira, para 5,23% na quarta-feira. A situação se torna mais grave
quando o volume de água que entra no lago é de apenas 290 metros cúbicos por
segundo e sai pelas comportas da barragem mais do dobro, 592 metros cúbicos por segundo.
Por causa dessa
situação, a Agência Nacional de Águas reduziu ainda mais a vazão da barragem,
não só em Sobradinho, que deverá operar com uma defluência (saída) limite de
até 523 m³/s até novembro, como na Barragem de Xingó, a maior do complexo
hidrelétrico, que desde a quinta-feira teve sua vazão reduzida. Nas projeções
feitas pela Sudec, até o final de outubro o volume de água acumulado no lago
será zero. “A partir daí e até o final de novembro, o lago vai estar com menos
zero (-0%) e o lago desaparece, ficando apenas a calha do rio”, diz o
superintendente Paulo Sérgio Mendes.
Na nota distribuída na
última quinta-feira, a Agência Nacional de Águas (ANA) determinou que a
barragem de Sobradinho (BA) começasse a operar com uma defluência mínima de 580
metros cúbicos por segundo (m³/s), menor patamar de água já liberado até hoje
pelo maior reservatório da bacia do rio São Francisco. O reservatório vinha
operando no patamar de 600m³/s. Além disso, a barragem de Xingó (AL/SE) terá
uma redução dos atuais 560m³/s para 550m³/s a partir da próxima segunda-feira,
2 de outubro.
Segundo a ANA, a autorização também permite à Companhia Hidro
Elétrica do São Francisco (CHESF) adotar uma defluência mínima instantânea de
523m³/s até 30 de novembro. A redução da vazão defluente de Sobradinho e Xingó
foi permitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA , como forma de
preservar os estoques
de água dos reservatórios da bacia do rio São Francisco diante do agravamento
das condições de seca, que desde 2012 vêm sendo impactados por chuvas abaixo da
média.
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