A CBF formalizou na
madrugada deste sábado (7) um convite para Tite continuar na seleção
brasileira. O chefe da delegação e futuro presidente da entidade, Rogério
Caboclo, se reuniu com o técnico em Kazan, após a derrota para a Bélgica, por 2
a 1, que eliminou o Brasil da Copa do Mundo.
Eliminado nas quartas
de final da Copa, Tite poderá ter um perdão inédito para técnicos da seleção
brasileira. Nunca um técnico derrotado em Mundial foi mantido após uma
eliminação. Mesmo entre os vitoriosos, o único que permaneceu foi Zagallo, que
renovou o contrato após vencer a Copa de 1970. Quatro anos depois, ele perdeu o
torneio da Alemanha, em 1974. Para Tite, o futuro presidente da CBF ofereceu as
mesmas condições e estruturas que foram dadas nesses dois anos para a seleção.
Antes da partida que eliminou
o Brasil, eles já tinham sentado para conversar e Caboclo havia dito que a CBF
estava "orgulhosa" do trabalho e que queria a permanência da comissão
técnica. Naquele momento, eles acreditavam que Brasil conseguiria vencer a
Bélgica e conquistar a vaga para a semifinal do Mundial. A proposta não estava
condicionada a essa sequência.
Neste sábado, Tite
pediu um tempo para responder ao cartola. Frustrado, vai tirar uns dias de
folga e só depois irá à CBF falar sobre o seu futuro. O treinador vai se reunir
com a família nos próximos dias e pensar. Antes de ir à Rússia, ele já havia
avisado que tiraria férias após o torneio.
O gaúcho deve ficar no
Rio de Janeiro, onde sua família foi morar desde que ele assumiu o comando do
time nacional. A definição deve ser tomada em 15 dias. Com os bons resultados
em campo, Tite ajudou a espantar a crise política da CBF, envolvida em
escândalos de corrupção. Seus dois últimos ex-presidentes estão com problemas
na Justiça. José Maria Marin foi preso e condenado, Marco Polo Del Nero foi
banido do futebol. Com a instabilidade na entidade, o técnico ganhou espaço
para fazer tudo que queria. Ele só aceita continuar com a mesma situação.
No período antes da
Copa, o treinador fez o time reencontrar o bom futebol e ganhou da direção da
CBF todo o apoio financeiro. A delegação brasileira foi a maior da história da
seleção. Tite contou com ajuda de 40 pessoas. A confederação tem a expectativa
de que o gaúcho demore para responder. Após a derrota para a Bélgica, jogadores
e comissão se despediram da Rússia. Parte do grupo chega ao Brasil neste
domingo, enquanto alguns ficaram na Europa.
O coordenador de
seleções da CBF, Edu Gaspar, foi o único a se manifestar
publicamente."Agora é difícil responder e pensar mais adiante, ainda estamos
juntando nossas dores. Vamos chegar ao Brasil, esfriar a cabeça e voltar a
conversar. Temos que ter um pouco de paciência, tentar ter o máximo de
discernimento para retomar a naturalidade", afirmou Gaspar.
O Brasil deu adeus ao
Mundial após perder para a Bélgica por 2 a 1, com gols de Fernandinho, contra,
e De Bruyne. Renato Augusto diminuiu no segundo tempo. Com Tite à frente da
seleção, em dois anos, foram 26 jogos, 20 vitórias, quatro empates e apenas
duas derrotas. Foram apenas oito gols sofridos, contra 55 marcados. Neste
sábado, o clima era de frustração na despedida da seleção da Rússia, depois de
quase um mês desde a chegada a Sochi no último dia 11 de junho."Essa dor
não é fácil. A maior como atleta e dirigente. Uma dor que sangra. Mas temos que
seguir firme nos nossos objetivos. O esporte é inerente ao resultado. Vamos
seguir nosso trabalho", afirmou Edu Gaspar.
O volante Fernandinho,
33, que falhou nos dois gols da derrota para a Bélgica, foi o primeiro a deixar
o Mirage Hotel neste sábado, em Kazan. Ao lado de Marquinhos, Cássio, Alisson,
Filipe Luís, Renato Augusto, Paulinho e Firmino, o meio-campista foi aplaudido
por cerca de 30 torcedores que aguardavam a saída da seleção na porta. Os
atletas deixaram o local antes dos demais pois vão permanecer na Europa, onde
moram ou tem familiares, em vez de retornar ao Brasil. O voo de volta da CBF
faz escala em Madrid e chega ao Rio de Janeiro às 5h de domingo. Neymar, que
saiu sem falar ao final da derrota, vai passar alguns dias de férias em Mangaratiba,
no litoral do Rio de Janeiro, com a família e a namorada, a atriz Bruna
Marquezine.
Antes de sair para
pegar o voo com os demais companheiros, o camisa 10 desceu ao saguão do hotel
em Kazan e deu um longo abraço em sua mãe, Nadine Gonçalves, emocionado.
"A partir do momento em que passei a conviver mais com o Neymar, vi que
não é fácil ser Neymar. É um menino. Menino, não, desculpe o termo. Deixou de
ser menino. É um atleta que merece todo o meu elogio. As pessoas esquecem o
tempo que ele ficou parado", afirmou o coordenador de seleções da CBF.
Bocão News
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