Considerada não
poluente, a indução de chuvas localizadas, que consiste em semear água nas
nuvens com potencial para chuva e acelerar o processo natural precipitando-as,
apresenta-se como alternativa para aliviar os prejuízos causados pelos baixos
índices pluviométricos do Nordeste. Diante do atual cenário no Estado, o
secretário da Agricultura, Eduardo Salles, reuniu-se nesta segunda-feira (14)
com o diretor-geral do Inema, Júlio Mota, a diretora da empresa ModClima,
Majory Imai, e presidentes de sindicatos rurais, buscando avançar na elaboração
de um projeto-piloto, no valor de R$ 200 mil, para o mapeamento das regiões do
Piemonte da Chapada Diamantina e Sudoeste.
“Não queremos criar uma
falsa expectativa, mas é uma experiência que não podemos deixar de fazer num
momento como esse”, explicou Salles, afirmando que se o projeto-piloto for bem
sucedido, essa primeira etapa poderá avançar até o mês de setembro, e se
resultados forem significativos poderá ser celebrado um contrato de um ano. A
ModClima já operou na Bahia e afirma que existem condições muito boas para
realizar um trabalho de sucesso de longo prazo.
O procedimento consiste
na pulverização controlada de gotas através de aeronaves equipadas com tanques
de 300 litros de água potável, que fazem as nuvens concentrar alto índice de
umidade e gerar a chuva.
Inicialmente tendo como
base de operações os municípios de Lençóis e Vitória da Conquista, o projeto
deverá ser contratado com recursos das secretarias da Agricultura/SIR e do Meio
Ambiente/Inema, e prevê 12 horas de vôos. Desenvolvida por brasileiros, a
tecnologia é totalmente sustentável e ajuda a recuperar nascentes, melhorar os
índices nos mananciais e sanar os problemas em sistemas de abastecimento.
“Vamos iniciar um
projeto-piloto para mapear e conhecer a situação que deveremos enfrentar,
podendo avançar para contratos de médio e longo prazo. A probabilidade de
chover é de zero a 40%, porque estamos num momento extremamente adverso”, disse
Majory Imai. A filha do engenheiro mecânico Takeshi Imai, responsável por
desenvolver o experimento, explicou que a identificação das nuvens é feita com
o auxílio de radares e imagens de satélites, lembrando que “as análises
permitem identificar previamente o local onde a chuva deve cair”.
De acordo com o
secretário da Agricultura, o período não é mais ideal para iniciar este
processo, recomendado para o mês de outubro quando existem nuvens e há a
potencialização das chuvas. “Mas nesse momento é importante tentar todas as
alternativas possíveis para minimizar o efeito da seca”, disse.
Os presidentes das
associações de produtores rurais dos municípios de Itaberaba e Marcionílio de
Souza, Alfredo Bezerra e Hernandes Medrado Filho, saíram satisfeitos com a
resposta ágil, objetiva e imediata do governo. “Com esta ação, o governo acata
de imediato a sugestão de uma ferramenta tecnológica de ponta apresentada pela
ONU com efeito de mitigação da desertificação global”, afirmou o presidente da
Associação de Produtores Rurais de Marcionílio de Souza, Hernandes Medrado.
Tecnologia gera
resultados
A tecnologia de chuva
induzida surgiu em 2001 com o apoio da Empresa de Saneamento Básico do Estado
de São Paulo (Sabesp), com quem a empresa já realizou sete contratos para
produzir chuvas sobre os mananciais do sistema Cantareira, em 300 mil hectares,
e do sistema Alto Tietê, com 200 mil hectares, responsáveis pelo abastecimento
de água para 20 milhões de habitantes da região metropolitana de São Paulo.
A ModClima já atendeu a
agricultores no Oeste da Bahia e Goiás (Posse, Correntina, Jaborandi),
agricultores irrigantes em Mirorós, usineiros de cana de açúcar em Pernambuco,
na Zona da Mata, agricultores de soja, arroz e silvicultores no Maranhão. Já
realizou uma missão voluntária em benefício do Parque Nacional da Chapada
Diamantina, atuando na prevenção de incêndios florestais.
“Acreditamos e
defendemos a ideia de que se a tecnologia de produção de chuvas for utilizada
de uma maneira estratégica e inteligente, ela pode se tornar uma ferramenta
ímpar para ajudar o homem a gerenciar não apenas uma nova fonte de recurso
hídrico, mas ser mais uma arma importante para promover chuvas em regiões que
estão sendo extremamente castigadas pelo clima e pela seca”, afirma Majory
Imai, diretora da empresa.
Fonte: Ascom Seagri Gustavo Rozário e Josalto Alves-9975.2354 3115.2794
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