Se os ventos não soprarem em seu favor até o último minuto de 30.06.2012, prazo final das convenções partidárias, a competente médica Doutora Maria do Socorro Soares de Carvalho Menezes não será mais candidata a prefeita de Chorrochó. Mas isto não tem a menor importância. Nunca foi.
A expectativa era que seria a candidata indicada pelo prefeito Humberto Gomes Ramos para sua sucessão. Todavia, bem antes, caiu em sua armadilha. Ele passou meses se equilibrando entre a esperteza, a dúvida e a traição e, por fim, ofereceu seu apoio a outra candidata: Rita Campos. Até aí, nenhuma novidade, isto era previsível.
Comparando-a com a Doutora Socorro, Rita Campos é uma ilustre desconhecida da maioria dos eleitores, o que também, em política, não tem nenhuma importância. Oscila entre a vitória e o fracasso. Vai abocanhar o que chegar primeiro. Com uma agravante: herdar o espólio administrativo da atual gestão e passar a ser monitorada pela liderança dessa mesma gestão, não será um bom começo.
Se ganhar a chefia do Poder Executivo nas urnas de outubro, será em razão do trabalho criterioso que o prefeito vinha fazendo em seu benefício; se perder, o ônus também deve ser atribuído ao prefeito, porque ele terá sido estrategicamente incapaz de elegê-la, ao usar a estrutura de que dispõe, inclusive destruindo amigos e adversários. Paradoxal - parece - alguém pretender destruir politicamente seus próprios amigos que antes lhe apoiaram. Parece, mas não é. Os líderes que em 2008, embora não sendo da corrente política do prefeito à época, a ele se aliaram nas eleições, o fizeram por inocência e infantilidade. O apoio político costurado, até com abandono de seus próprios alinhamentos tradicionais, não justificou a efêmera aliança, que de pífia passou a ser risível. Difícil entender uma aliança política “sem noção” como aquela de 2008 em Chorrochó.
Escrevi na ocasião, em artigo publicado no jornal “A Notícia do Vale, de Juazeiro: Esta aliança que Chorrochó fez não vai dar certo, nunca dará certo. Taí, não deu.
O fato é que o prefeito “cozinhou o galo”, sabiamente, inclusive angariando filiações para o seu partido político e embolando o meio de campo dos postulantes, de sorte que, ao estreitar-se o prazo para as convenções partidárias, tinha em seu colo uma enxurrada de pré-candidatos a prefeito, todos disputando o seu apoio. A situação virou uma orquestra desafinada e cada pré-candidato passou a dançar sua própria música. Alguns continuam dançando.
Contudo, o prefeito foi sábio politicamente e usou a filosofia paraibana de José Cavalcanti: “político é o indivíduo que pensa uma coisa, diz outra e faz o contrário”.
Mas voltando à situação de Doutora Socorro, o vexame pelo qual ela não merecia ter passado, mas passou, foi-lhe criado pelas mesmas pessoas que lhe orientam politicamente. Primeiro, permitiram que ela caísse na cilada do prefeito, filiando-se ao partido do chefe do Poder Executivo, forma que ele encontrou, maquiavelicamente, para tolher o vôo solo e ameaçador da médica chorrochoense; por outro lado, ao invés de a terem preservado já em 2008, agasalhando-a em algum partido político, para lançá-la candidata imbatível em 2012, amesquinharam-se diante do prefeito, apoiando-o atabalhoadamente e, em conseqüência, levando-a a reboque. Nunca vi, em política municipal, erro tático mais crasso, mais infantil, principalmente por se tratar de um universo eleitoral tão pequeno como é Chorrochó. Em política é preciso ganhar a dianteira, para prevenir uma cilada do destino, como ensinava Juscelino Kubitscheck. E o destino, neste caso, cumpriu o seu roteiro. Faltou desconfiômetro aos apoiadores de Doutora Socorro, capacidade para desconfiar das tendências do prefeito.
Por aí se vê, que se outra tivesse sido a estratégia dos seguidores de Doutora Socorro, com poder de influência política sobre ela, sem dúvida a médica seria a prefeita de Chorrochó no próximo quatriênio. Competente, séria, honesta e correta, qualidades não lhe faltam para colocar Chorrochó nos trilhos de uma boa administração. E mais: com vida pessoal irrepreensível e bem sucedida profissionalmente, não precisa de política para viver, o que destoa dos políticos do interior, geralmente pendurados nas tetas dos cofres públicos. Mas faltou sabedoria política aos seus apoiadores. O resultado está aí, visível. E lamentável.
Já está na hora de Chorrochó acordar deste sono idiota. Doutora Socorro tem condições próprias para lançar-se candidata a prefeita - e ganhar a eleição - independente de apoio de qualquer prefeito de plantão. Apoio político não significa dependência e, mesmo sem se dar conta, ela ficou totalmente dependente das decisões políticas do prefeito Humberto, que nunca a quis. Não precisava disto, não precisa disto, nunca precisará disto. Se viabilizada sua candidatura, a maioria a seguirá. Fica a dica para as outras eleições. Só resta, por enquanto, aos seus seguidores, o conselho de Machado de Assis: “Choras, se tem lágrimas. Se tens riso, ri-te. É a mesma coisa”.
Escrito por Escrito por Walter Araujo
2 comentários:
Parabéns Walter, Chorrochó precisa mesmo acordar... Mas ainda alimento esperança de que um dia a cobiça pelo poder e a vaidade não corrompa tanto as pessoas.
Rita Gabriela.
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