Com a adesão dos
policiais civis do Maranhão, em assembleia realizada nesta terça-feira, estão
confirmados catorze Estados, mais o Distrito Federal, na paralisação nacional das polícias, nesta quarta-feira. A
decisão foi tomada mesmo sem o apoio da liderança do sindicato local, que
preferia resumir a participação a uma passeata. Até as 20h, a convocação feita
para todas as forças policiais do país tinha efeito principalmente sobre as instituições
civis – uma liminar impede a PF de aderir a paralisações. As decisões sobre a
forma de participação são dos sindicatos locais. "Cada unidade decidiu seu
movimento, nós não interferimos", disse ao site de VEJA Jânio Bosco
Gandra, presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis
(Cobrapol) - que convocou a paralisação.
No Distrito Federal,
uma votação unânime de cerca de 2.000 policiais decidiu pela participação no
ato. Brasília deve concentrar a maior mobilização da categoria, calcula Gandra,
que espera de 8.000 a 10.000 pessoas em uma passeata, com concentração marcada
para as 14h, em frente à Biblioteca Nacional. De lá, eles caminham até o
Palácio do Planalto, onde pretendem protocolar um documento de reivindicações.
"Receberemos apoio de comitivas de Goiás e de algumas regiões de Minas
Gerais", acrescentou o presidente da Cobrapol.
Os outros Estados com
paralisação confirmada são: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito
Santo, Amazonas, Pará, Paraíba, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina,
Rondônia, Bahia e Pernambuco. Por meio de nota, a Delegacia Geral de Polícia
Civil de São Paulo afirmou que está em "processo de ampla negociação com
os representantes das entidades de classe" para tentar evitar a paralisação.
"Não estão sendo poupados esforços", enfatizou. Mas a categoria se
mantinha a firme na decisão até o início da noite. No Rio, os grevistas se
reúnem na Cidade da Polícia, na Zona Norte, e seguem até o bairro da Tijuca,
onde realizam uma nova assembleia.
Mascarados - Gandra
enfatiza que todos os atos serão pacíficos, com a única intenção de pressionar o
governo federal a criar uma política nacional de segurança pública. É pouco
provável que mascarados como os black blocs compareçam – afinal, como mostraram
manifestações recentes, grupos radicais mostram-se contra a polícia e os
policiais, de forma geral. Mas caso haja adesão de grupos violentos, a decisão
sobre a postura dos manifestantes já está tomada. "Serão presos",
garantiu Gandra, que diz ter recebido do Ministério Público Federal uma
notificação por ter convocado a mobilização. "O documento diz que estou
incitando um movimento que pode terminar em tumulto. Não é nada disso. Somos
'white blocs', pessoas de bem que querem o melhor para o país", completou.
Segundo a Cobrapol,
apenas serviços considerados emergenciais serão mantidos durante a quarta-feira,
como registros de flagrantes em delegacias. Em casos de ocorrências comuns,
como furto ou perda de documentos, a confederação aconselha que o registro seja
feito pela internet ou a partir do dia seguinte (quinta). A confecção de
carteiras de identidade também ficará suspensa durante as 24 horas de
paralisação. Já os atendimentos em Institutos Médicos Legais (IMLs) serão
mantidos normalmente.
Rio - As
autoridades do Rio de Janeiro tentam minimizar o impacto da paralisação.
"É importante ressaltar que a população não precisa se preocupar com
riscos à segurança pública. Não há possibilidade consistente de uma adesão
coletiva por parte das polícias a ponto de prejudicar o ambiente no
Estado", garante o subsecretário de Grandes Eventos, Roberto Alzir. Em
comunicado, a Chefia da Polícia Civil chama o movimento de
"inadequado" e diz que "acredita no bom senso da categoria para
manter o canal de negociação aberto, assegurando a evolução das
discussões". O comandante-geral da PM, José Luís Castro Menezes, diz que
não existe "nenhuma real ameaça de greve".
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