As eleições de 2014
trazem de volta às urnas políticos acusados de integrar esquemas de desvios de
verba pública e até mesmo personagens que já passaram uma temporada atrás das
grades por corrupção. É o que mostra levantamento feito com base na Rede
de Escândalos do site de VEJA, ferramenta que perfila os envolvidos nos
episódios mais rumorosos da vida política brasileira e acompanha seus
desdobramentos. Ao todo, os nomes de 46 candidatos ao pleito deste ano aparecem
entre os 65 escândalos listados na rede – não raro, em mais de um.
Um velho conhecido da
Justiça que, mais uma vez, pede votos em São Paulo é
o deputado Paulo Maluf, do PP. Na Rede de Escândalos, o ex-prefeito da
capital paulista estrela nada menos do que cinco casos: o
escândalo dos precatórios, o do superfaturamento
de obras em São Paulo, do dossiê
Cayman, da Paubrasil e
do frangogate.
Maluf acumula mais de dez processos e três condenações – a primeira, por
desvio de dinheiro, se deu no final de 2009 – e chegou a ser detido duas vezes.
Aos 82 anos, ele é um dos maiores beneficiários da morosidade da Justiça
brasileira. Quatro dos crimes que lhe são imputados ultrapassaram o prazo de
prescrição.
Já Fernando
Collor de Mello (PTB), que tenta reeleger-se ao Senado por
Alagoas, traz no currículo três escândalos. O mais grave deles – a descoberta
de um esquema
de corrupçãoabrigado no coração da Presidência de Collor, em 1992 –
custou-lhe a permanência no Planalto. E o mais recente o coloca, novamente, na
mira no Supremo Tribunal Federal: comprovantes apreendidos pela Polícia Federal
com o doleiro Alberto
Youssef durante a Operação Lava Jato revelam oito depósitos feitos
na conta pessoal do ex-presidente, totalizando 50.000 reais. A relação entre o
senador e o pivô do bilionário esquema de desvios é alvo de inquérito no STF.
Quem também é citado
nas investigações da Lava Jato é o candidato petista ao governo de São
Paulo, Alexandre
Padilha. Em um dos relatórios da há uma foto de Padilha ao lado de um
homem que os investigadores apontam como laranja do doleiro Youssef, no ato de
assinatura de um contrato que levou a investigação para dentro do Ministério da
Saúde. O contrato de 150 milhões de reais foi assinado por Padilha com a Labogen
Química Fina e Biotecnologia, empresa do doleiro. Padilha nega qualquer relação
com Youssef.
Com nove personagens, o
PT é o partido com maior número de candidatos na rede. Até
mesmo a presidente Dilma Rousseff, que concorre à reeleição, aparece: é
citada no caso dodossiê
contra FHC e Ruth Cardozo, que saiu da Casa Civil quando Dilma
comandava o ministério, e também no caso
Lina Vieira – a ex-secretária da Receita Federal acusou, em 2009,
a então ministra de interceder favor de José Sarney. No primeiro episódio,
Dilma mandou investigar o caso. Uma sindicância interna concluiu que o
levantamento não era "dossiê", mas um "banco de
dados" para uso interno. De qualquer forma, ela ligou pessoalmente
para Ruth para pedir desculpas. Já no segundo, Dilma negou veementemente o
encontro com Lina e também as acusações. Sem que se conseguisse provar a
reunião – as imagens do circuito interno foram apagadas –, o caso foi
encerrado.
Também buscam votos em
2014 quatro ministros "faxinados" da Esplanada nos primeiros
anos do governo Dilma por envolvimento em esquemas de corrupção. Alfredo
Nascimento (PR), que ocupava o Ministério dos Transportes à época
da revelação, por VEJA, de um esquema de propina operado pelo PR na pasta,
busca eleger-se deputado federal pelo Amazonas. Se eleito, pode se tornar
colega de Congresso de Orlando
Silva (PCdoB), defenestrado do Esporte em 2011, que também
concorre a deputado federal. E de Pedro
Novais, o peemedebista que usou dinheiro público para pagar o salário
de uma governanta. Demitido do Turismo em 2011, Novais também quer uma vaga na
Câmara. Carlos
Lupi (PDT), antigo colega de Esplanada dessa turma, tenta o Senado
pelo Rio de Janeiro. Alvo uma série de denúncias de irregularidades quando
comandava o Ministério de Trabalho, deixou o cargo em 2011.
A lista de candidatos
enrolados com a Justiça inclui ainda Anthony
Garotinho (PR), candidato ao governo do Rio de Janeiro e líder nas
pesquisas de intenção de voto. Garotinho é alvo de três inquéritos no Supremo
Tribunal Federal que apuram os crimes de peculato, lavagem de dinheiro, ameaça
e crime eleitoral. E José
Roberto Arruda (PR), que recorre ao STF para manter-se candidato.
O ex-governador do Distrito Federal – o primeiro do país a ser preso no
exercício do mandato – foi condenado em julho de 2014, em segunda instância,
por improbidade administrativa pelo envolvimento no mensalão do DEM. Tenta
voltar ao comando do DF em 2014, mas foi barrado pela Lei da Ficha Limpa.
Com cinco nomes,
o PR de Arruda é o terceiro partido com mais candidatos nestas eleições na
Rede de Escândalos. Fica atrás do PMDB, com oito. Entre os mais de 300
personagens da rede, há políticos que sobrevivem a processos, cassações,
renúncias e até prisões. Contam com a morosidade da Justiça, a proteção de seus
pares e os serviços de bons advogados. Agarrados às desculpas mais
esfarrapadas, apostam, também, na falta de memória do eleitor.
A seguir, confira quem
são os candidatos na rede — e entenda os escândalos em que foram implicados:
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