O Ministério da Saúde
está avaliando a possibilidade de se distribuir repelentes para gestantes como
uma estratégia para tentar conter o avanço da epidemia de bebês com
microcefalia no Brasil. Ainda não há um consenso sobre a adoção da medida, mas
o ministro da Saúde, Marcelo Castro, admitiu ao jornal O Estado de S.Paulo que
a hipótese está em discussão pela sua pasta. "Estamos avaliando todas as
possibilidades", disse.
Outra medida avaliada
pela equipe do governo é a distribuição de telas para serem colocadas nas
casas. Castro disse que, a exemplo da distribuição dos repelentes, ainda não há
um consenso sobre o assunto. "Por enquanto, recomendamos o uso. A
distribuição, se acertada, será numa outra etapa", completou.
Dentro do ministério,
há resistências para a adoção da medidas, em razão do seu alcance limitado e
pela polêmica que a atitude poderá provocar. Não há garantias de que gestantes
de fato usarão o repelente. O raciocínio é o mesmo para telas de proteção. Para
que haja resultados efetivos, seria preciso que a gestante adotasse outras
medidas em conjunto.
Críticos da proposta
afirmam que as duas medidas poderiam enfraquecer a principal mensagem do
governo que é tentar reduzir o número de criadouros do Aedes aegypti, vetor do
zika vírus, da dengue e de chikungunya. Levantamento feito pelo Ministério da
Saúde mostra que, dentre 1.792 municípios, quase 50% (864) estão em situação de
alerta e de risco para as doenças, em razão do alto número de focos do
mosquito.
Defensores da proposta,
por sua vez, afirmam que todos os mecanismos de contenção da doença devem ser
usados, mesmo que de alcance limitado. Um dos argumentos usados é o de que a
distribuição, em vez de desmobilizar, reforçaria a mensagem de que a situação é
grave e que todas as medidas devem ser adotadas para conter o avanço da
microcefalia.
A má-formação, considerada
rara, teve um aumento súbito este ano Até sexta-feira, foram notificados 1.248
casos da síndrome. Além da explosão do número de casos, a doença se alastra
numa velocidade que impressiona governo e autoridades sanitárias.
Já há registros de casos
em 302 municípios, distribuídos em 13 Estados e no Distrito Federal. O
problema, que na primeira semana estava restrito a Estados do Nordeste, já
atinge a região Centro-Oeste e o Rio, que tem 13 casos registrados. Além disso,
foram notificadas sete mortes. Uma delas foi confirmada.
Por enquanto, o governo
sugere que mulheres se protejam contra picada do mosquito usando repelentes,
protegendo suas casas com telas e usando roupas de mangas longas - algo de
difícil execução, sobretudo diante das altas temperaturas do estado do
Nordeste.
Fonte:JC Online
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