As ruas J.J. Seabra e
Visconde do Rio Branco se estendem por quase dois quilômetros, da praça Jackson
do Amaury à rua Eduardo Spínola e são pontos de pulsação do comércio local.
Nelas se concentram 273 lojas de todos os tamanhos e vários segmentos. O
problema é que 15% das casas comerciais – que correspondem a 41 lojas – estão
com as portas fechadas. Vizinhos atestam que algumas mudaram de endereço, mas
outras faliram. O mercado não está fácil para os varejistas com a recessão
insistentemente batendo à porta de grandes e pequenos.
Segundo as estatísticas
do Ministério do Trabalho e Emprego, 14.140 admissões foram feitas no comércio
de Feira de Santana em 2015, enquanto ocorreram 14.777 demissões. Saldo
negativo de 637.
De acordo com o
sindicato dos comerciários, são mais de 30 mil pessoas empregadas formalmente
no ramo na cidade, mas este número cresce se contados os informais, cujo número
não se sabe estimar.
Certo é que em todos os
quarteirões desta região comercial podem-se ver lojas com as portas cerradas. O
problema é sentido com toda intensidade no ponto onde termina a Visconde e
começa a avenida José Falcão da Silva, que concentra as lojas de autopeças.
O presidente do
Sindicato do Comércio de Feira de Santana, José Carlos Moraes, logo encontra o
responsável direto pela situação: “É a crise econômica”, dispara sem
pestanejar. Revela que é a pior situação que vivenciou nos últimos anos.
“Realmente, nunca mais o comércio tinha passado por situação semelhante”.
Estas ruas, que na
prática formam uma única via que vai mudando de nome ao longo do trajeto, são a
principal saída rumo ao norte da cidade e daí para a estrada em direção a
outras cidades.
Os passantes mais
observadores podem ver as portas de ferro abaixadas. À porta destes imóveis
fechados, placas informam que estão à venda ou para serem alugados. Em alguns
poucos há operários reformando, indicação de que dentro em breve, outros
empresários o reabrirão.
“Gostaria de estar
presenciando o contrário, com empresas abrindo e gerando novos empregos”,
lamenta o presidente do Sindicato dos Comerciários de Feira de Santana, Délcio
Mendes. “A situação está muito difícil para todos”. Ele sabe que a demissão de
funcionários é a primeira medida tomada pelo empresariado quando decide reduzir
custos operacionais, para enfrentar e sobreviver à crise na economia.
Nas transversais
observa-se que não são poucas as lojas que encerraram atividades. Tantas lojas
fechadas significam centenas de empregos evaporados e desespero contido, numa
cidade que tem no comércio um dos seus pontos de sustentação econômica.
A crise se estende aos
mais diversos ramos. Ao longo da J.J. e da Visconde, fecharam lojas que vendiam
automóveis, peças para automóveis, calçados e confecções, colchões,
restaurante.
A cidade perdeu a
Esplanada, uma das lojas de departamento mais antigas (ao longo de 2015 a
empresa fechou as portas em várias cidades e Feira de Santana foi uma das
últimas). A Padaria da Fé, que na placa informava a fundação em meados da
década de 40, também encerrou atividades.
A Insinuante, gigante
do varejo atacadista do ramo de eletrodomésticos e móveis e com várias unidades
na cidade, fechou uma loja que ficava próxima da praça Jackson do Amaury (a
rede pertence ao grupo Máquina de Vendas, que iniciou um processo de unificação
das lojas, que ficarão sob o nome da Ricardo Eletro, outra marca da empresa. Em
Salvador o baque foi maior. Quatro Insinuantes foram fechadas, uma delas a
megaloja da avenida Paralela).
Tribuna Feirense
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