Noel Rosa já dizia
"Quando eu morrer/ Não quero flores/ Nem coroa com espinho / Só quero
choro de flauta / Violão e cavaquinho". Esse também era o desejo de
Gleisson Silva, boêmio famoso de Cachoeiro de Itapemirim, que foi velado em um
bar, rodeado de amigos, com cerveja liberada e muito
Gleisson morreu aos 68
anos, era casado há 44 anos e tinha quatro filhos. Flamenguista doente e
portelense de coração, Seu Gleisson era dono de um bar no bairro Ilha da Luz há
mais de 30 anos.
"Meu pai, quando
ia ao velório de algum amigo, voltava triste e cabisbaixo. E ele sempre dizia:
'no meu velório não quero tristeza, quero samba, quero ser velado dentro do
bar'", conta Glaucio Fragosos da Silva, 42 anos, filho e atual dono do
bar.
Fã de um baralho e de
uma cerveja, Gleisson teve o pedido atendido. Segundo a família, ele teve um
acidente vascular cerebral na terça-feira de Carnaval, após uma viagem para
Cabo Frio, no Rio de Janeiro, e foi internado em um hospital da cidade. Dois
dias depois, Gleisson sofreu três paradas cardíacas e acabou falecendo na manhã
de sexta-feira (12).
O corpo de Gleisson
chegou ao bar às 11 horas do mesmo dia para ser velado. Amigos e familiares de
Vitória, do Rio de Janeiro e de Cachoeiro começaram a aparecer, numerosos.
"Acho que ao todo, entre idas e vindas, umas três mil pessoas passaram
para ver meu pai. É muito bom saber que seu pai quando morre é bem
quisto", conta Glaucio.
Com o grande número de
visitantes chegando para prestar as últimas homenagens ao Seu Gleisson, a rua
na frente do bar foi rapidamente tomada de pessoas e carros. A comoção foi tão
grande que a Guarda Municipal teve que intervir para impedir que o trânsito
fosse totalmente bloqueado.
Velório
O sol foi baixando e os
amigos do samba foram chegando, cada um trazendo seu instrumento. Em uma roda
de samba improvisada, eles tocaram os clássicos do samba que tanto agradavam ao
falecido. "Quando o negócio animava demais alguém gritava 'fala baixo que
vai acordar o veio'", lembra Glaucio.
O batuque seguiu noite
adentro e só parou de manhã, quando era a hora de levar o corpo para
sepultamento. Gleisson Silva foi enterrado no cemitério municipal do Coronel
Borges por volta das 8 horas da manhã de sábado (13).
No total, foram
consumidas 11 caixas de litrão de cerveja, 20 caixas de latão e 15 litros de
cachaça. Tudo de graça, para chorar a morte do bon vivant. "Foi muito bom
ver todo mundo, receber as pessoas que meu pai tanto gostava. Era uma pena que
ele não pode aproveitar com a gente", conclui o filho.
Gazeta Online
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