Nos documentos enviados
ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo juiz federal Sérgio Moro – que conduz
os processos em primeira instância da Operação Lava Jato – estão notas fiscais,
registros de transferências bancárias e recibos eleitorais de doações feitas ao
PT oficialmente, no total de R$ 4,3 milhões. Os repasses serviram para ocultar
“propinas acertadas no esquema criminoso da Petrobrás”, sentenciou o magistrado
– um total de 27 doações feitas entre outubro de 2008 e março de 2012. “O fato
comprovado revela um aspecto perverso do esquema criminoso que afetou a
Petrobrás, a utilização de dinheiro de propina para financiar atividades
político-partidárias, com afetação do processo político democrático”, registra
Moro na sentença – entregue ao TSE – do processo envolvendo executivos da
empreiteira Mendes Júnior e Setal Óleo e Gás (SOG). Com base nessa condenação,
de setembro de 2015, o juiz da Lava Jato informou ao TSE, em ofício, que
“reputou-se comprovado o direcionamento de propinas acertadas no esquema
criminoso da Petrobrás para doações eleitorais registradas”. O tribunal tem
quatro procedimentos abertos, a pedido do PSDB, que pedem a cassação da chapa
Dilma Rousseff/Michel Temer, reeleita em 2014. As ações do TSE têm como alvo a
campanha presidencial de 2014 – data não alcançada pelos documentos que
embasaram a sentença do juiz federal. No ofício encaminhado ao tribunal, Moro
sugeriu que os delatores fossem ouvidos e destacou que as investigações ainda
estão em andamento. Os documentos que serviram de base para a sentença em que
Moro aponta ter encontrado prova de uso de doações para ocultar propinas da
Petrobrás foram entregues, em maioria, pelo dono da SOG, Augusto Ribeiro
Mendonça, no acordo delação premiada fechado com a força-tarefa da Lava Jato, em
2014.
Estadão
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