O ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou à Polícia Federal que o
novo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, teve campanha eleitoral ao governo
da Bahia beneficiada com o esquema de desvios de dinheiro na estatal. O delator
da Operação Lava-Jato afirmou que eleições para o governo estadual e para as
prefeituras foram abastecidas com “a remessa de recursos da companhia para o
Estado da Bahia, a fim de financiar o Partido dos Trabalhadores”. Ele não
menciona o ano das campanhas — o ministro venceu as disputas de 2006 e 2010.
O delator sustenta que
os recursos foram viabilizados pela Gerência Executiva de Comunicação,
subordinada ao então presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli,
ex-secretário de Planejamento do governo de Wagner (2007-2014). Apesar de dizer
que sua convicção está baseada em “boatos internos” da petroleira, Paulo
Roberto declarou que uma auditoria poderia confirmar a acusação. “O declarante
acredita que, se forem auditados os contratos da Gerência Executiva no Estado
da Bahia, serão encontradas irregularidades”, disse Paulo Roberto ao delegado
Josélio Azevedo Sousa, em depoimento de 22 de julho.
A assessoria do
ministro desqualificou as afirmações do delator. “Trata-se de tentativa
requentada de envolver o ministro Jaques Wagner na questão”, afirmou a
assessoria do ministro ao Correio. “Tais tentativas foram sempre baseadas em
ilações ou depoimentos que não apresentam qualquer evidência ou conexão com a
realidade.” Ao menos até o momento, o ministro é mencionado na Lava-Jato, mas
não foi arrolado como investigado em inquéritos na operação. Procurada desde 18
de setembro para comentar o caso, a petroleira não esclareceu se fez auditorias
na Gerência Executiva de Comunicação. “A Petrobras não teve acesso aos
depoimentos”, disse a empresa em nota.
Gabrielli não retornou
os pedidos de esclarecimentos feitos por meio de ex-assessores, mas ele já
negou participação em esquemas de corrupção. Wagner assumiu o cargo de chefe da
Casa Civil do governo de Dilma Rousseff, em substituição a Aloízio Mercadante,
que voltou para a Educação. Desde a deflagração da Operação Lava-Jato é o
quarto titular ou ex-ocupante da pasta citado como beneficiário do esquema,
embora nenhuma referência diga respeito à atuação na Casa Civil. José Dirceu,
preso e acusado criminalmente, Antônio Palocci e Gleisi Hoffman, investigados,
são os outros. Mercadante é alvo de um inquérito de caixa dois no Supremo
Tribunal Federal derivado da Lava-Jato. Todos negam as acusações.
Agências
O depoimento de Paulo
Roberto foi prestado no Rio de Janeiro, onde o ex-diretor de Abastecimento
cumpre penas alternativas, fruto de seu acordo de colaboração premiada com
investigadores do caso. Na Superintendência da PF no estado, ele afirmou que
uma negociação para pagar as agências de publicidade Muranno e Mistral foi “a
única ocasião” em que “tratou claramente de corrupção” com Gabrielli,
ex-presidente da estatal. Ele disse que “seria mais provável” que o então
presidente da Petrobras tratasse desses assuntos com Renato Duque, ligado ao PT
e então diretor de Engenharia da estatal, por onde passavam quase todas
as licitações.
Com informações do
Correio Braziliense
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