Pra ser educado ao extremo é preciso ser igualmente
disciplinado e o Japão tem isso de sobra.
O Omotenashi é um estilo de vida japonês, um termo
que pode ser traduzido como “hospitalidade japonesa”.
Na prática, a expressão combina a educação e uma
polidez requintada, com um desejo de manter a harmonia e evitar o conflito.
Exemplos do Omotenashi
Pessoas resfriadas usam máscaras cirúrgicas para
evitar infectar outros.
Vizinhos se presenteiam com caixas de sabão em pó
antes de iniciar obras – um gesto para ajudar a limpar suas roupas do pó que
inevitavelmente será produzido.
Funcionários em lojas e restaurantes te cumprimentam
sempre com o Ojigi (ato de curvar-se em sinal de cumprimento), com uma deferência
e um caloroso irasshaimase (bem-vindo).
Colocam a mão embaixo da sua na hora de dar troco
para evitar que qualquer moeda caia. Quando você deixa a loja, não é raro que
fiquem na porta se curvando até perdê-lo de vista.
Até máquinas praticam o omotenashi. Portas de táxis
se abrem automaticamente diante de sua chegada – e o motorista de uniforme
branco não espera gorjeta.
Elevadores se desculpam por deixá-lo esperando, e
quando você entra no banheiro o assento do vaso sanitário se levanta.
Em obras, placas indicativas geralmente trazem uma
imagem fofa de um trabalhador se curvando em deferência, como forma antecipada
de se desculpar pelos possíveis transtornos provocados
Na cultura japonesa, quanto mais uma pessoa vem de
longe, maior é a cordialidade em relação a ela – daí a razão de estrangeiros
(gaijin – literalmente “pessoas de fora”) invariavelmente se impressionarem com
a cortesia.
As pessoas se curvam ao sentar perto de você no
ônibus, e depois de novo quando se levantam, uma atitude usualmente praticada
em várias situações, o que deixa qualquer estrangeiro constrangido com tanta
cordialidade e respeito oferecido pelos japoneses.
Ensinamentos
Mas omotenashi vai além de ser gentil com
visitantes. Essa atitude perpassa todos os níveis da vida cotidiana e é
ensinada desde os primeiros anos de vida.
“Muitos de nós cresceram com um provérbio”, diz
Noriko Kobayashi, chefe de turismo interno no consórcio DiscoverLink Setouchi,
que busca criar empregos, preservar o patrimônio e promover o turismo em
Onomichi, na região de Hiroshima.
“Ele diz assim: ‘Depois que alguém fez algo bom a
você, nós devemos fazer algo bom a outra pessoa. Mas depois que alguém faz algo
ruim a você, nós não devemos fazer algo ruim a outra pessoa”.
“Acho que esses ensinamentos nos fazem ser educados
no comportamento.”
História
Mas, de onde vem toda essa cortesia e educação?
Para Isao Kumakura, professor emérito no Museu
Nacional de Etnologia, em Osaka, grande parte da etiqueta japonesa tem origem
nos rituais formais de cerimônias de chá e de artes marciais.
Na verdade, a palavra omotenashi, literalmente
“espírito de serviço”, vem da cerimônia de chá. O anfitrião dessas cerimônias
trabalha duro para proporcionar o clima certo para entreter convidados,
escolhendo a louça, flores e decoração sem esperar nada em troca.
Os convidados, cientes dos esforços do anfitrião,
respondem mostrando uma gratidão quase reverencial. Os dois lados criam um
ambiente de harmonia e respeito, ancorado na crença de que o bem público vem
antes da necessidade particular.
Gentileza pega
Uma coisa maravilhosa de estar exposto a tanta
gentileza é que se trata de algo tão contagioso como um vírus epidêmico.
Você rapidamente estará sendo mais gentil e
civilizado, entregando carteiras perdidas à polícia, sorrindo ao dar vez a
outros motoristas, levando seu lixo para casa e nunca – nunca – levantando a
voz ou assoando o nariz em público.
Seria ótimo se todo visitante levasse um pouco de
omotenashi para casa e espalhasse esse modo vida em seu próprio país. “O efeito
cascata poderia mudar o mundo”.
Por Steve John Powell e Angeles Marin Cabello – Da
BBC/ Mundo Nipo.
Pra ser educado ao extremo é preciso ser igualmente
disciplinado e o Japão tem isso de sobra.
O Omotenashi é um estilo de vida japonês, um termo
que pode ser traduzido como “hospitalidade japonesa”.
Na prática, a expressão combina a educação e uma
polidez requintada, com um desejo de manter a harmonia e evitar o conflito.
Exemplos do Omotenashi
Pessoas resfriadas usam máscaras cirúrgicas para
evitar infectar outros.
Vizinhos se presenteiam com caixas de sabão em pó
antes de iniciar obras – um gesto para ajudar a limpar suas roupas do pó que
inevitavelmente será produzido.
Funcionários em lojas e restaurantes te cumprimentam
sempre com o Ojigi (ato de curvar-se em sinal de cumprimento), com uma deferência
e um caloroso irasshaimase (bem-vindo).
Colocam a mão embaixo da sua na hora de dar troco
para evitar que qualquer moeda caia. Quando você deixa a loja, não é raro que
fiquem na porta se curvando até perdê-lo de vista.
Até máquinas praticam o omotenashi. Portas de táxis
se abrem automaticamente diante de sua chegada – e o motorista de uniforme
branco não espera gorjeta.
Elevadores se desculpam por deixá-lo esperando, e
quando você entra no banheiro o assento do vaso sanitário se levanta.
Em obras, placas indicativas geralmente trazem uma
imagem fofa de um trabalhador se curvando em deferência, como forma antecipada
de se desculpar pelos possíveis transtornos provocados
Na cultura japonesa, quanto mais uma pessoa vem de
longe, maior é a cordialidade em relação a ela – daí a razão de estrangeiros
(gaijin – literalmente “pessoas de fora”) invariavelmente se impressionarem com
a cortesia.
As pessoas se curvam ao sentar perto de você no
ônibus, e depois de novo quando se levantam, uma atitude usualmente praticada
em várias situações, o que deixa qualquer estrangeiro constrangido com tanta
cordialidade e respeito oferecido pelos japoneses.
Ensinamentos
Mas omotenashi vai além de ser gentil com
visitantes. Essa atitude perpassa todos os níveis da vida cotidiana e é
ensinada desde os primeiros anos de vida.
“Muitos de nós cresceram com um provérbio”, diz
Noriko Kobayashi, chefe de turismo interno no consórcio DiscoverLink Setouchi,
que busca criar empregos, preservar o patrimônio e promover o turismo em
Onomichi, na região de Hiroshima.
“Ele diz assim: ‘Depois que alguém fez algo bom a
você, nós devemos fazer algo bom a outra pessoa. Mas depois que alguém faz algo
ruim a você, nós não devemos fazer algo ruim a outra pessoa”.
“Acho que esses ensinamentos nos fazem ser educados
no comportamento.”
História
Mas, de onde vem toda essa cortesia e educação?
Para Isao Kumakura, professor emérito no Museu
Nacional de Etnologia, em Osaka, grande parte da etiqueta japonesa tem origem
nos rituais formais de cerimônias de chá e de artes marciais.
Na verdade, a palavra omotenashi, literalmente
“espírito de serviço”, vem da cerimônia de chá. O anfitrião dessas cerimônias
trabalha duro para proporcionar o clima certo para entreter convidados,
escolhendo a louça, flores e decoração sem esperar nada em troca.
Os convidados, cientes dos esforços do anfitrião,
respondem mostrando uma gratidão quase reverencial. Os dois lados criam um
ambiente de harmonia e respeito, ancorado na crença de que o bem público vem
antes da necessidade particular.
Gentileza pega
Uma coisa maravilhosa de estar exposto a tanta
gentileza é que se trata de algo tão contagioso como um vírus epidêmico.
Você rapidamente estará sendo mais gentil e
civilizado, entregando carteiras perdidas à polícia, sorrindo ao dar vez a
outros motoristas, levando seu lixo para casa e nunca – nunca – levantando a
voz ou assoando o nariz em público.
Seria ótimo se todo visitante levasse um pouco de
omotenashi para casa e espalhasse esse modo vida em seu próprio país. “O efeito
cascata poderia mudar o mundo”.
Por Steve John Powell e Angeles Marin Cabello – Da
BBC/ Mundo Nipo.
Blog So Coisa Boa.
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